LIDE LIVE CEARÁ
Especialistas afirmam que transformações digitais vão influenciar significativamente os setores de propaganda e marketing
Por Marcelo - Em 04/06/2020 às 7:03 PM
O LIDE Live Ceará desta quinta-feira (4), mediado pela presidente Emília Buarque, reuniu grandes nomes do setor de marketing e publicidade do Brasil, como Marcos Quintela, CEO e sócio do VMLY&R Group no Brasil, e Márcio Oliveira, Head of Client Services & Business Development da R/GA São Paulo. Eles falaram das tendências do setor neste momento de pandemia de coronavírus e do novo que está por vir. E lembraram as inúmeras mudanças comportamentais no dia a dia das pessoas.
Marcos Quintela lamentou a pandemia no Brasil, pois o nosso país não tem recursos suficientes para abrandar seus efeitos negativos, como os Estados Unidos, que investiu US$ 1 trilhão para socorrer a economia. Destacou que as tecnologias digitais estão avançando muito, que os vendedores da Via Varejo estão montando showrooms dentro de suas casas, oferecendo os produtos aos clientes via Whatsapp, inclusive recebendo os pagamentos.
Afirmou que devido à pandemia da Covid-19 mudou os serviços dentro da sua empresa de comunicação, que reduziram os seus establishiment costs, tanto que a previsão é retomar as ações presenciais apenas no ano que vem, e de uma maneira muito diferente.
No varejo, afirmou que o Magalu está obtendo resultados positivos nas vendas, pois já havia realizado forte investido numa plataforma digital bastante completa, enquanto outras redes estão em implantação e outras não se adaptaram a esta nova realidade.
Que as televisões estão enfrentando dificuldades para este novo momento, mas a Rede Globo, por exemplo, já desenvolveu um aplicativo para vender espaços publicitários em todo o Brasil, inclusive com pagamento por cartão de crédito. E isso repercutiu negativamente no trabalho das agências de publicidade.
“O que está vindo mais na pauta é a antecipação dos movimentos em todos os setores, via digital, mas está havendo um elevado número de erros. É preciso que todos fiquem atentos com relação a este novo normal, principalmente nesta questão do home office”, disse.
E que essa tendência, inclusive, está impactando na construção civil. “Muitos amigos meus já estão dizendo que os apartamentos compactos, em São Paulo, não devem continuar, pois a esposa precisa de um quarto para fazer suas videoconferências, os maridos de uma varanda para o seu trabalho e as crianças de um espaço para o home schooling. As construtoras já não pretendem fazer apartamentos de 50m² e sim de 90m². E, ao contrário, os empreendimentos comerciais estão reduzindo seus espaços, revendo a questão das lajes corporativas e até mesmo o seu compartilhamento”, asseverou Marcos Quintela.
Márcio Oliveira, por sua vez, ressaltou que a pandemia de Covid-19 foi o grande gerador da transformação digital das empresas, que é necessária. “No caso da R/GA ela já nasceu digital. Este é um momento de confiança na informação, o que reforça a busca pela confiabilidade das mídias. Por outro lado, há uma briga com relação às fake news, que precisam ser combatidas fortemente”.
Afirmou que existem mudanças no consumo, no consumidor e no dia a dia das pessoas, que estão ávidas por informações. “A corrida, agora, é a formação de conhecimento, captar dados e repassar para a pessoas, conhecendo os seus anseios e antecipando alguns deles”, disse.
Citou que a Amazon, desde o seu primeiro dia de atuação, entendeu que as pessoas compram um produto e, às vezes, percebem que precisam de outro. Então já anuncia os dois juntos. Isto tem um reflexo bastante significativo no volume de vendas.
“A gente tem a chance de viver uma descentralização, que representaria instalar escritórios menores, perto dos locais onde os colaboradores residem. Isso não é só aqui na R/GA São Paulo. É em Nova York, pois quanto custa o metro quadrado em Manhattan? E quanto custa no Brooklin, no Queens, por exemplo? E isso pode ter reflexos profundos aqui no Brasil”, ressaltou Márcio Oliveira.
Lembrou, ainda, que as pessoas, após momentos complicados, de um modo geral, deixam de fazer planejamentos de longo prazo, mas sim de maneira mais imediata. Isso pode gerar uma explosão nos segmentos de bares e restaurantes, por exemplo, que estão sofrendo muito.
Empresários
Já o empresário Deusmar Queirós, presidente do Grupo Pague Menos, fez um contraponto, afirmando que o home office, o delivery, o e-commerce, deveriam ser um paliativo e que ficou preocupado com esta mudança tão abrupta de comportamento.
Ele diz querer pessoas dentro de suas lojas. “Hoje tenho 1.500 pessoas em home office e outros 18 mil na linha de frente. Acho que há vantagens e desvantagens, pois o setor varejista precisa de gente andando nas ruas, nos shoppings. Para não matar alguns setores. Não sei se o varejo vai crescer somente com o delivery e as vendas fora das lojas”, destacou. A opinião de Deusmar foi seguida pelo empresário Lauro Fiúza Júnior e por Sueli Alves, do Grupo 3Corações.
Márcio Oliveira e Marcos Quintela, por sua vez, concordaram com a opinião de Deusmar Queirós em relação ao varejo, mas ressaltaram que o delivery, o e-commerce e o próprio home office, devem ter um papel complementar ao das lojas físicas. E que as ações presenciais, ir a um restaurante com os amigos, ainda têm o seu valor.
A superintendente comercial da BSPAR Incorporações, Renata Santos, afirmou que o setor imobiliário também necessita do contato entre as pessoas, de ver os espaços dos apartamentos. “Ou seja, o trabalho remoto tem ocorrido e deve ser mantido, mas o trato presencial terá continuidade, apesar de já termos percebido algumas mudanças comportamentais dos nossos clientes”, afirmou.