
INDÚSTRIA AUTOMOTIVA
Exportações de automóveis brasileiras para a Argentina crescem e compensam queda nas vendas para o México
Por Redação - Em 10/02/2025 às 1:01 AM

Em 2024, o Brasil exportou mais de 166 mil veículos para a Argentina, gerando um faturamento de US$ 2,58 bilhões FOTO: Agência Brasil
Apesar das diferenças políticas entre os governos do Brasil e da Argentina, as montadoras brasileiras encontraram um cenário favorável para ampliar suas exportações de veículos para o país vizinho, superando desafios no mercado global. A Argentina emergiu como um destino essencial para os carros fabricados no Brasil, compensando a forte queda nas exportações para o México e impulsionando os resultados das montadoras nacionais.
Em 2024, o Brasil exportou mais de 166 mil veículos para a Argentina, gerando um faturamento de US$ 2,58 bilhões, conforme dados do Comex Stat, sistema da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Esse volume superou em 50% as exportações do ano anterior, representando o maior crescimento em quatro anos, enquanto o valor das vendas foi 60% superior a 2023. No entanto, embora os números sejam expressivos, ainda estão longe dos volumes de exportação registrados em 2017, quando o Brasil enviou três vezes mais veículos para a Argentina.
No total de 398,5 mil unidades exportadas, a Argentina representou 40% do mercado de exportações de carros do Brasil, retomando sua posição como principal destino dos veículos brasileiros, à frente do México, que registrou uma queda de 25% nas compras. A demanda crescente por carros brasileiros no país vizinho, mesmo com um cenário econômico instável, tem sido um fator crucial para a recuperação das exportações brasileiras, que terminaram o ano com uma queda modesta de apenas 1,3%.
A recuperação econômica da Argentina, em parte impulsionada por acordos com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela reversão do déficit comercial, também contribuiu para o aumento das exportações brasileiras. As reservas internacionais do país, que eram de US$ 21 bilhões antes da posse de Javier Milei, chegaram a ultrapassar os US$ 32 bilhões, oferecendo maior estabilidade para o comércio. Além disso, medidas como a eliminação de licenças para importação e a remoção do imposto sobre operações de câmbio, ao final de 2024, facilitaram o comércio entre os dois países.
Embora o setor automobilístico tenha se beneficiado rapidamente dessas mudanças, as exportações de outros produtos brasileiros para a Argentina apresentaram uma queda de 17,6% em 2024. Essa diminuição foi atenuada pelo boom atípico das exportações de soja, impulsionado pela quebra de safra na Argentina, mas o impacto geral nas demais indústrias ainda foi significativo.
No setor automotivo, a estratégia de complementaridade produtiva entre Brasil e Argentina tem sido um fator essencial. A Argentina se especializou na produção de veículos maiores, como picapes e sedãs grandes, devido à capacidade de produção limitada, enquanto o Brasil foca na fabricação de carros compactos, de maior volume e preços mais acessíveis.
Essa divisão de produção tem colocado os carros brasileiros em uma posição vantajosa no mercado argentino, especialmente com o câmbio competitivo. As montadoras brasileiras comemoram o retorno do crescimento no mercado argentino, que teve uma reação significativa no segundo semestre de 2024 e deve continuar a expansão em 2025. A previsão é de que as vendas de carros na Argentina superem 500 mil unidades em 2025, um aumento de cerca de 100 mil unidades em relação aos volumes registrados nos dois anos anteriores.
No entanto, o futuro das exportações de automóveis para a Argentina pode ser desafiado por uma nova onda de concorrência. A partir de fevereiro de 2025, o governo argentino isentou de impostos a importação de até 50 mil veículos elétricos com valor de nota fiscal de até US$ 16 mil. A medida pode aumentar a presença dos carros elétricos chineses no mercado argentino, o que preocupa as montadoras brasileiras, já que a Argentina, com seu mercado de baixo volume, pode atrair mais importações extrazona, ou seja, fora do Mercosul. A competição com esses veículos, especialmente em um mercado crescente como o argentino, pode mudar a dinâmica de exportações de veículos.
“A tendência é de aumento das importações extrazona [fora do Mercosul] na Argentina”, afirma Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, ressaltando que, embora o mercado argentino tenha se recuperado, a entrada de carros elétricos estrangeiros pode desafiar a competitividade da indústria automotiva brasileira.
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