ALTA GASTRONOMIA
Fazenda de cogumelos, única no Ceará, está situada na região de Guaramiranga
Por Marcelo - Em 16/12/2023 às 12:24 AM
A região serrana de Guaramiranga possui diversos atrativos como flora e fauna exuberantes, meio ambiente preservado e um microclima muito agradável, já conhecidos pela maioria das pessoas. Mas pouca gente sabe que ali existe uma fazenda de produção de cogumelos, destinados à alta gastronomia, que representam uma fonte de selênio (ajuda a produzir antioxidantes); aminoácidos, ferro, e vitaminas B2, B3, B5 e B9, além de proteínas para o corpo humano. E no local se produz cogumelo ‘in natura’, desidratado e em pó.
Segundo o empresário Egliberto Vasconcelos, dono da Cogumelos Guaramiranga, sua fazenda é a única que existe acima de Natal e no Ceará, utilizando alta tecnologia para garantir a qualidade do produto. Ele explica que, inicialmente, é realizada a compostagem do substrato, à base de bagaço de cana, farelo de trigo e nutrientes, o alimento dos cogumelos, que durante sete dias é manuseado para ficar uniforme. Em seguida é pasteurizado, num processo de até oito dias, para que sejam eliminados fungos e bactérias, que poderiam ser nocivos aos cogumelos. São feitos os blocos de substratos, em média 1.000 por lote, cada um com 6,5 quilos, ou seja, mais de seis toneladas.
Na sequência, em cada bloco (sacos plásticos contendo o substrato) são colocadas as sementes dos cogumelos, cerca de 180 a 200 gramas; feitos os furos nos sacos que formam os blocos e eles são levados para as estufas, grandes galpões onde é realizada a colonização. “Os cogumelos passam a se alimentar desse composto, que é muito rico em carbono e nitrogênio, e começam a colonizar, cobrindo os blocos com seus micélios, que se tornarão os cogumelos. Eles passam sete dias nascendo, quando a gente faz a primeira colheita; depois ‘hibernam’ por sete dias e voltam a nascer para nova colheita. Esses fluxos podem ocorrer até cinco vezes, mas a partir do terceiro, geralmente eles ficam fracos e realizamos a substituição dos blocos de substrato”, explica.
Sustentável
Um fato importante é que os resíduos que sobram do processo de produção dos cogumelos são muito ricos em matéria orgânica e não são simplesmente descartados. “Pegamos o material que estava nos sacos e o transformamos em adubo orgânico. Alguns nós vendemos e outros doamos para os agricultores familiares da região utilizarem em suas hortas. Produzimos três tipos de cogumelos em nossas estufas: o branco, o salmão e o marrom, comercialmente conhecidos como shimejis. Muito perecíveis, se estiverem bem conservados a temperaturas entre quatro a oito graus Celsius, podem durar de 12 a 15 dias. Nosso foco principal são todas as redes de supermercados de Fortaleza e grandes pizzarias e restaurantes que tenham pratos à base de cogumelos. E também algumas feiras, para divulgar o nosso produto”, destaca o produtor.
Hoje, a fazenda produz cerca de 800 quilos de cogumelos por mês, mas isso poderia ser multiplicado por quatro vezes, caso tivesse uma capacidade maior de investimento. Tanto, que também está disposto a vender a fazenda, para quem possa expandir o projeto. “Somos únicos no Ceará, temos muito know-how e o mercado do Rio Grande do Norte, Piauí, Maranhão, e toda a Região Norte, para ampliar as vendas. Gostaria de vender parte da empresa e ficar como consultor, com uma participação minoritária, pois tenho outros negócios aqui em Guaramiranga, como a Pizzaria Cogumelos e a chocolateria Chocoberry, junto com minha esposa, Mônica Oliveira de Vasconcelos”, ressalta.
Apesar disso, lembra que existe muito espaço para a expansão da produção de cogumelos, pois é crescente o número de pessoas que buscam alimentação saudável ou vegana, na qual seu produto se encaixa perfeitamente. “Temos, também, o cogumelo desidratado e em pó, que serve como suplemento alimentar, fazendo com que sua vida útil chegue a até seis meses. E esse último pode ser inserido na merenda escolar, inclusive já temos um projeto nesse sentido. Ou seja, pode ser ainda mais lucrativo, desde que tenha escala, aumento de produção”, completa Egliberto Vasconcelos.