RELAÇÕES MULTILATERAIS

Fecomércio-CE terá Câmara de Comércio Brasil-Cabo Verde e Países Africanos

Por Marcelo - Em 18/08/2022 às 7:50 PM

Os embaixadores das repúblicas de Cabo Verde e Moçambique acompanharam atentamente as apresentações sobre os potenciais econômicos do Ceará e suas relações com os mercados das nações africanas. Ganhou destaque, também, o agronegócio do Estado. O encontro inédito aconteceu no Laboratório Google for Education, do Senac Reference, na Aldeota.

Embaixadores de Cabo Verde e Moçambique estiveram no Senac Reference     Foto: Divulgação

A iniciativa de reunir o corpo diplomático com importantes players do varejo, logística, Embrapa e Governo do Ceará, foi do presidente em exercício da Fecomércio-CE, Cid Alves, representado no evento pelo diretor e 1º-secretário da Federação, Everton Fernandes. A vinda dos representantes africanos é considerada o primeiro passo para formalizar parceria e intercâmbio com o Ceará, por meio da Câmara Brasil-Cabo Verde e Países Africanos.

“É de fundamental importância que a Fecomércio-CE seja esse agente que conecta o comércio do Estado do Ceará com países parceiros, numa Câmara de Comércio Exterior com Cabo Verde, Moçambique e outras nações que vão entrar nesta parceria buscando fomentar ainda mais o comércio. É através deste intercâmbio que estreitamos também a amizade entre os povos. A satisfação é enorme para diretoria da Fecomércio-CE estar conduzindo estes objetivos”, explica Everton Fernandes.

Ele também apresentou os benefícios para o varejista local. “O varejo cearense se beneficia quando começa a comprar mais barato, sem intermediações, das nações que fornecem os produtos e também através de suas vendas para estes mesmos países, como numa via de mão dupla, numa relação ganha-ganha. A ideia é que este intercâmbio comercial possa ajudar no desenvolvimento desses mercados”.

Os diplomatas

José Pedro Chantre que uma maior aproximação de trocas comerciais

Após as boas-vindas, cada diplomata apresentou suas expectativas com a instalação da nova câmara comercial. O embaixador de Cabo Verde foi taxativo. “A importância é mútua, do nosso lado e do lado dos brasileiros do Ceará. Temos muitas expectativas de uma maior aproximação de trocas comerciais, entre o Brasil, nomeadamente o Ceará e a parte africana, sobretudo a ocidental. Pensamos que nossa proximidade geográfica e cultural-histórica, facilita aproveitarmos melhor essa realidade. Já tivemos uma relação mais forte. Estamos tentando alertar o Brasil que estamos bem aqui, ao lado, e que podemos ter coisas muito proveitosas para ambos”, disse José Pedro Chantre D’Oliveira.

Já Gamiliel Munguambe, embaixador de Moçambique, destacou a relevância de se estreitar os laços de cooperação e negócios entre os dois países, em particular com o Ceará. “Estamos interessados em todo processo da cadeia de produção do caju, porque Moçambique é um dos grandes produtores desse fruto, uma das fontes de receita em nossas exportações. Pelo avanço do Brasil neste campo, queremos saber como estreitar parcerias, indo além, com o Ceará, vendo formas de incrementarmos as relações comerciais nos dois sentidos, Brasil para Moçambique e Moçambique para o Brasil”.

Potencialidades comerciais

O agronegócio fez parte das principais negociações comerciais na reunião. Um dos destaques foi a cajucultura. Atualmente, a indústria de beneficiamento da castanha de caju, no Ceará, trabalha com 70% de sua capacidade. Parte da produção é importada da Costa do Marfim, país localizado no Noroeste do continente africano.

“Este encontro é de extrema importância, porque podemos oferecer nossa competência em processamento e podemos suprir a falta de matéria prima – castanhas – em nosso Estado. Pois a cada ano vem diminuindo, saindo de 330 mil toneladas para 140 mil por ano, quantidade insuficiente para abastecer as indústrias”, revela Xisto Salema, representante do Sindicaju.

Para Sérgio Baima, coordenador de atração do agronegócio, ligado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet), o Ceará deve ganhar ao fechar negócios com os novos parceiros. “Estamos acostumados a exportar para os mesmos lugares de sempre, os Estados Unidos e a Europa. Precisamos de outros mercados que são tão importantes quanto esses grandes e temos isso na África, tanto para exportação, no agro, quanto também para importação”, prevê.

A primeira câmara de comércio exterior sediada na Fecomércio-CE é entre Brasil e Argentina. A partir das conversas com os embaixadores de Cabo Verde e Moçambique, abrem-se negociações com outros países africanos. “Vamos rumo à constituição da Câmara Brasil-Cabo Verde e Países Africanos com o Ceará. O estabelecimento dessas relações traz bons resultados para o Estado e para os cearenses também em áreas como cultura, turismo e pesquisas”, prevê o assessor de Relações Institucionais e secretário-Executivo das Câmaras e Conselhos Empresariais da Fecomércio-CE, Marcos Pompeu.

Marcos Pompeu ressaltou que deverá ser criada a Câmara de Comércio Brasil-Cabo Verde e Países Africanos no Ceará

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