PANORAMA ECONÔMICO

Fórum Nordeste revela que juros devem subir e dólar ficará acima de R$ 6,00

Por Marcelo Cabral - Em 21/01/2025 às 5:57 PM

O Lide Ceará realizou nesta terça-feira (21), no Hotel Gran Marquise, o Fórum Nordeste abordando o tema central: ‘Panorama da economia, segurança jurídica e potencialidades do Nordeste’. O evento reuniu líderes empresariais e contou com a presença de Paulo Câmara, presidente do Banco do Nordeste (BNB), e Rogério Sobreira, economista-chefe da instituição. Entre os destaques das discussões, ficou evidente a perspectiva de novas altas na taxa básica de juros (Selic) e a previsão de que o dólar ultrapasse a marca de R$ 6,00.

Paulo Câmara destaca que BNB deverá registrar expansão de 18% em suas contratações este ano                                                  Fotos: Douglas Filho

O presidente do Banco do Nordeste (BNB), Paulo Câmara, enfatizou que 2024 foi um ano de crescimento significativo para a instituição, com contratações que somaram mais de R$ 44 bilhões. “A expectativa para 2025 é ainda mais promissora, com projeção de alta de 18% nas operações do banco. Estamos fortalecendo nossa atuação em setores como indústria, comércio, infraestrutura, turismo, agricultura e pequenos negócios, consolidando o protagonismo do BNB no desenvolvimento regional”, destaca.

Paulo também ressaltou os resultados positivos que deverão ser gerados por programas como o Novo PAC e o Acredita, este último voltado para micro e pequenas empresas, além de que este ano deve ampliar suas linhas de crédito, algumas delas em parceria com o FNE (Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste). “A cada ano, subimos um degrau. O objetivo é fazer de 2025 melhor do que foi o ano passado”, afirma. O ministro Teodoro Silva Santos, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que falaria sobre segurança jurídica, não pode participar do evento, pois foi solicitado a ficar em Brasília pela presidência do STJ para participar de julgamentos de questões relevantes.

Dinâmicas econômicas

A presidente do Lide Ceará, Emília Buarque, destacou a relevância do encontro para os empresários associados. “O Fórum permitiu compreender as dinâmicas econômicas regionais, nacionais e globais, além de apresentar propostas específicas para o crescimento sustentável e a redução das desigualdades sociais”, ressalta.

Emília Buarque destacou as dinâmicas econômicas globais e nacionais

Segundo ela, o Nordeste vive um momento de transição. “Historicamente, nossa região se apoiava em atividades como comércio e serviços, enquanto o Sul, Sudeste e Centro-Oeste concentravam a produção. Hoje, observamos o Nordeste emergindo como protagonista em setores estratégicos como energias renováveis, produção de soja, proteína animal, turismo de luxo, tecnologia, fruticultura, educação e construção civil“, analisa. Para a presidente, a região está virando a chave para ser tornar o epicentro de uma inovação geoeconômica no Brasil. “Somos uma das áreas de maior potencial de crescimento do País”, explica.

Ao comentar o cenário internacional, Emília também afeta as implicações da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos. Para ela, o discurso nacionalista e protecionista do novo presidente representa um momento histórico de incertezas para a geopolítica e a economia global. “Apesar do tom intimidador de Trump, esperamos que haja ajustes, especialmente em acordos bilaterais e multilaterais, que deverão ter reflexos diretos na nossa economia”, pondera.

Cenário macroeconômico

Rogério Sobreira diz que Selic deve subir e dólar ficar acima de R$ 6,00

Rogério Sobreira, economista-chefe do BNB, trouxe uma análise detalhada do cenário macroeconômico. Ele destacou o crescimento moderado das economias dos Estados Unidos, China e União Europeia, eliminando riscos de recessão global no curto prazo. “Esse desempenho deve gerar resultados positivos para o Brasil e, consequentemente, para o Nordeste”, ressalta.

O executivo alertou, entretanto, para a necessidade de atenção à política monetária. “A taxa de juros deve sofrer um aumento de 1% nas próximas reuniões do Copom, e o dólar tende a se manter entre R$ 6,00 e R$ 6,20 nos próximos meses. Apesar disso, os fundamentos econômicos brasileiros permaneceram sólidos, com expansão do emprego e aumento do rendimento real, o que sustentará o crescimento em 2025, mesmo que menos acelerado”, conclui Sobreira.

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