2022 M&A REPORT
Fusões e aquisições movimentaram quase US$ 2 trilhões até julho de 2022, diz BCG
Por Marcelo - Em 18/01/2023 às 12:26 PM
Mesmo com um mercado global de fusões e aquisições mais “frio” em relação ao ritmo de negociações de 2021, o relatório “2022 M&A Report”, do Boston Consulting Group, mostra que o setor chegou a um valor total de US$ 1,85 trilhão – nível de atividade de fusões e aquisições mais alinhado com as médias pré-pandemia. As condições macroeconômicas desafiadoras, que puseram fim à onda de compras que se seguiu após redução de restrições da Covid, não impediram que as empresas chegassem a realizar mais de 22.000 negócios nos primeiros sete meses de 2022.
A análise do BCG mostra também que as considerações ambientais, sociais e de governança (ESG) motivarão um número crescente de negócios. Segundo a consultoria, o número global de negócios relacionados a ESG aumentou de cerca de 5.700 em 2011 para um recorde histórico de 9.200 em 2021 – um aumento de 60%. O volume desses negócios como parte de todas as atividades de M&A subiu de 12% em 2001 para 17% em 2011 e depois para 22% em 2021, o que mostra mais negociadores reconhecendo o potencial de criação de valor dessas transações.
Segundo Heitor Carrera, diretor-executivo e sócio do BCG, apesar do nível de fusões e aquisições de 2022 ter voltado a níveis pré-pandemia, o mercado irá desacelerar até o final de 2022. “No ano passado, vimos muitos negócios acontecendo em um ritmo veloz, algo que durou até o começo do ano, mas que provavelmente não se manterá no curto prazo. No início da guerra na Ucrânia o setor foi movimentado por empresas que tentaram romper seus laços com a Rússia, enquanto muitos empresários russos deixaram seus investimentos em países ocidentais. A tendência é que o ritmo dessas movimentações diminua até o fim do ano”, afirma.
Ele também destacou alguns fatores que devem influenciar o setor em nível nacional. “No Brasil, ainda temos algumas incertezas com a transição política dos governos estaduais e federal. Isso pode afetar também o ritmo dos negócios no final de ano e muitos podem querer esperar até 2023 para a concluir as negociações”.
Mercados “verdes”
O estudo também revelou uma clara tendência de alta nos negócios relacionados a ESG na última década. A aceleração foi mais forte em 2021, quando os volumes de negócios aumentaram 35% após dois anos suaves para atividades mais amplas de M&A e transações ESG.
Embora as fusões e aquisições relacionadas ao meio ambiente representem uma fração de todas as transações, eles aumentaram nos últimos anos – chegando a 6% em 2021, depois de ficarem em cerca de 5% de 2011 a 2019. Esses 20% de aumento de 2019 a 2021 mostra que eles estão ganhando força como uma alavanca estratégica para a transformação ambiental.
O chamado “Green M&A” tem crescido de forma particularmente rápida em indústrias que estão na vanguarda da transição energética e em mercados emergentes. Nos últimos dez anos, o setor de energia e de serviços públicos tiveram o maior aumento, vendo sua participação nos negócios verdes crescer de 20% em 2011 para quase 40% em 2021.
De acordo com o relatório, a região com o nível mais alto de atividade para esse tipo de M&A em 2021 foi o Oriente Médio. Mais de 10% dos negócios nessa região foram relacionados ao meio ambiente, após uma participação estável em cerca de 3% a 5% desde 2014. A região Ásia-Pacífico (especialmente a China) foi a segunda região mais ativa, com uma participação de “transações verdes” de aproximadamente 8% em 2021.