TRANSFORMAÇÃO

Futuro do trabalho: flexibilidade e home office em xeque com o retorno ao escritório

Por Redação - Em 27/01/2025 às 3:04 PM

Teletrabalho, Home Office Ou Trabalho Remoto.

Especialistas apontam que os modelos de trabalho híbridos, tão populares durante a pandemia, estão entrando em declínio

A revolução do trabalho remoto, que teve seu auge durante a pandemia de Covid-19, trouxe uma mudança significativa na dinâmica profissional. Com a possibilidade de trabalhar de qualquer lugar do mundo, muitos profissionais experimentaram uma nova forma de equilibrar suas vidas pessoais e profissionais. Uma pesquisa realizada pela FIA Business School e pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo revela que 94% dos trabalhadores acreditam que o home office melhorou suas vidas. Contudo, o futuro desse modelo de trabalho pode estar em risco, com uma crescente pressão para que empresas retornem ao formato presencial.

Especialistas apontam que os modelos de trabalho híbridos, tão populares durante a pandemia, estão entrando em declínio. Sylvia Hartmann, CEO da Remota, startup especializada em trabalho remoto e híbrido, afirma que muitas empresas estão reduzindo as práticas flexíveis. “A maioria das empresas híbridas vai limitar essa opção a algo esporádico — um dia por semana em casa ou concessões limitadas pelos gestores”, afirma.

De acordo com a pesquisa OrgBRtrends, da consultoria McKinsey, mais de 90% das organizações brasileiras adotaram modelos híbridos desde a pandemia. No entanto, um levantamento realizado pela Deel em parceria com a Opinion Box revela que, atualmente, 51% das empresas operam de forma presencial, enquanto 45% mantêm o modelo híbrido. A mudança de postura das empresas mostra que o futuro do trabalho está longe de ser uma questão resolvida.

Escritório presencial

Gigantes como Amazon, AT&T e JPMorgan são exemplos de empresas que estão exigindo o retorno completo de seus colaboradores ao escritório, com jornadas de cinco dias por semana. Líderes dessas corporações, como o CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, e o bilionário Elon Musk, defendem que o trabalho remoto prejudica a colaboração e a inovação. Para Matt Garman, CEO da AWS, divisão de nuvem da Amazon, o trabalho presencial é essencial para alcançar a verdadeira inovação: “Eu ainda não vi a capacidade de fazer isso sem estarmos presencialmente.”

Enquanto isso, a pesquisa da FIA aponta que, para 88% dos entrevistados, a qualidade do trabalho no home office é considerada igual ou superior à do modelo presencial. Já a produtividade foi vista como melhor ou equivalente por 91% dos participantes, revelando um forte contraste entre as preferências dos funcionários e as decisões de muitas empresas.

No Brasil, o desejo de um modelo mais flexível é palpável. Segundo a Deel, 54% dos trabalhadores presenciais gostariam de migrar para um modelo híbrido ou remoto. Fernanda Mayol, sócia da McKinsey, destaca que há uma desconexão entre as expectativas dos trabalhadores e as decisões das empresas. “Enquanto as organizações buscam modelos mais presenciais, os funcionários valorizam a flexibilidade do trabalho remoto”, afirma.

Esse descompasso é ainda mais evidente entre os líderes de recursos humanos. De acordo com a pesquisa da Deel, 59% dos profissionais de RH consideram o modelo híbrido como o mais eficiente, seguido pelo modelo presencial (35%). A flexibilidade tornou-se um fator crucial na escolha de emprego, sendo tão importante quanto a remuneração para muitos trabalhadores.

Vagas remotas

Embora o desejo por vagas remotas continue a crescer, as oportunidades nesse formato são limitadas. De acordo com um relatório da Gupy, a proporção de vagas para trabalho remoto em agosto de 2024 foi apenas 1,4% superior à média de 2019. Além disso, a pesquisa mostrou que, até junho de 2024, apenas 5% das vagas disponíveis eram totalmente remotas, enquanto 7% eram híbridas e 87,2% presenciais. O mercado parece estar em transição, com um crescimento significativo nas contratações presenciais nos últimos meses.

De acordo com Sylvia Hartmann, nos próximos dois a três anos, as empresas deverão se consolidar em modelos mais claros e definidos, seja totalmente presenciais ou totalmente remotos. “O mercado está caminhando para definições mais claras”, afirma.

O debate sobre o futuro do trabalho continua a se desenrolar, com empresas e trabalhadores buscando um equilíbrio entre flexibilidade e colaboração presencial. Enquanto algumas empresas pressionam pelo retorno ao escritório, outras, como a Deel, permanecem fiéis ao modelo remoto. O que parece certo é que, nos próximos anos, o mercado de trabalho passará por mudanças significativas, e tanto organizações quanto profissionais terão que se adaptar a um novo cenário, onde as escolhas sobre o formato de trabalho serão mais definidas.

O trabalho remoto, embora em declínio para algumas empresas, ainda é uma prioridade para muitos profissionais, e o futuro do trabalho certamente dependerá de como essas tendências evoluirão nos próximos anos.

Mais notícias

Ver tudo de IN Business