ESTUDO DO IXL CENTER
Governo do Ceará e FIEC apresentam o Masterplan do Hub de Hidrogênio Verde
Por Marcelo - Em 25/06/2024 às 9:01 PM
O Masterplan do Hub de Hidrogênio Verde (H²V) do Ceará foi apresentado nesta terça-feira (25) na sede da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), contando com a participação do governador Elmano de Freitas. No início da solenidade, o presidente da FIEC Ricardo Cavalcante destacou o trabalho feito entre o poder público, privado e a academia, e que este é um momento único para a história do Ceará no que se refere à transição energética. O estudo realizado pelo IXL Center prevê que devem acontecer trilhões de dólares em investimento no mundo todo, sendo que o Brasil e o Ceará poderão se beneficiar muito de toda esta nova tecnologia.
O levantamento demonstra, ainda, que somente no Ceará, cerca de 50 mil postos de trabalho formais, e altamente qualificados, devem ser gerados. “O marco legal do H²V está em aprovação no Senado Federal, retornará para a Câmara e deve seguir para a sanção do presidente da República. Temos as melhores escolas no Ceará, tanto públicas quanto privadas e vamos precisar de muita mão de obra qualificada, com altos salários. Além dos empregos, também há o desenvolvimento da tecnologia do Hidrogênio Verde”, diz Ricardo Cavalcante.
O governador do Ceará salientou em sua fala que, neste momento, está em tramitação a regulamentação do H²V, inclusive com subsídios, e que no Ceará o poder público, a iniciativa privada e a academia vem trabalhando, efetivamente, juntos. “O Masterplan do H²V foi desenvolvido em conjunto, e quero que as oportunidades do Ceará sejam para o Estado e para os cearenses. No futuro campus do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) no Ceará, teremos o curso de Engenharia em Energias Renováveis”, destaca Elmano de Freitas. A Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), financiou a maior parte do estudo.
Estudo completo
O levantamento realizado pelo IXL Center revelou que somente sete dos 37 memorandos de entendimento já assinados com grandes players nacionais e internacionais representam mais de US$ 32 bilhões em investimentos, ou mais R$ 170 bilhões. Outros R$ 3,4 bilhões são necessários para a montagem da infraestrutura para o funcionamento do Hub de H²V no Pecém, incluindo portuária, hídrica, água de reuso, linhas de transmissão, dutos e tancagem de amônia. Seriam necessários mais US$ 12 bilhões em investimentos de Capex nos setores de construção civil e pesada; outros US$ 6 bi para o setor metalmecânico, que juntos somam R$ 100 bilhões, nos próximos seis anos. Ou seja, isso representa um montante total de R$ 270 bilhões.
O CEO do IXL Center, Hitendra Patel destacou que a nova indústria do Hidrogênio Verde trará muitas oportunidades para o Ceará, que possui a melhor condição do mundo para a produção de energias renováveis – eólica e solar -, necessárias para realizar a eletrólise da água e se produzir o H²V. “O vento e o sol do Ceará, combinados 24 horas, fazem com que o Estado seja um lugar privilegiado para liderar essa revolução tecnológica. Isso é fantástico. A base industria do Ceará facilita o avanço do Estado para essa nova tecnologia. A localização do Porto do Pecém dá ao Ceará uma clara vantagem competitiva. É preciso pensar de maneira global, para atrair grandes players globais”, ressalta Patel.
O estudo do IXL Center revela, ainda, que até 2035 deverá ser iniciada a implantação de 6 gigawatts (GW) em energia eólica offshore, com mais de 400 estruturas metálicas marítimas na região do Porto do Pecém, que pode transformar o CIPP em um centro de apoio a operações e construções marítimas. Além disso, será possível atingir uma produção de energia eólica dentro do mar de 64 GW, representando cerca de R$ 687,3 bi em investimentos. E que o H²V pode ser usado em inúmeras atividades produtivas, como transporte, indústria, construção, geração energética, e mais.
Em suas apresentações, o professor do MIT (Massachusetts Institute of Tecnology) Donald Lessard ressaltou que o Hidrogênio Verde representa uma indústria de aproximadamente US$ 600 bilhões ou mais, mas que depende de tecnologias e regulamentações internacionais. E que o H²V pode manter o fornecimento de energia linear, constante, o que interessa muito a data centers, plantas de semicondutores e outras empresas com alto consumo de energia. Já o especialista em competitividade e energia limpa da Universidade de Harvard, Gunther Glenk, disse que a demanda global de H²V é de 155 milhões de toneladas por ano. E que, nas últimas quatro décadas os custos de produção do watt de energia solar caiu de US$ 81,62 para US$ 0,26. O custo do watt de energia eólica teve redução menor, de US$ 5,18 para US$ 1,47 e tudo isso se reflete, diretamente, na cadeia produtiva de energias renováveis.