O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou a preocupação com famílias de baixa renda FOTO: Agência Brasil

Em resposta ao aumento das preocupações sobre os efeitos sociais e econômicos dos jogos de apostas eletrônicas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, nesta sexta-feira (27), que o governo possui “instrumentos necessários” para regulamentar o setor e prevenir abusos. Em uma gravação de áudio, Haddad revelou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva solicitou ações a todos os ministérios envolvidos no tema, enfatizando a necessidade de abordar questões como lavagem de dinheiro, dependência dos jogos e a regulamentação dos meios de pagamento utilizados nas apostas.

Haddad destacou a preocupação com famílias de baixa renda, citando dados alarmantes do Banco Central, que indicam que 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família transferiram R$ 3 bilhões para plataformas de apostas via Pix. O valor médio enviado por beneficiário foi de R$ 100, com 70% dos apostadores sendo chefes de família. O valor médio do Bolsa Família é de R$ 690.

O ministro também criticou a gestão anterior, apontando que o governo Bolsonaro não tomou medidas efetivas para lidar com o problema. Ele lembrou que as apostas foram legalizadas no final do governo Temer, mas a regulamentação ficou estagnada. “No primeiro semestre do ano passado, enviamos uma medida provisória ao Congresso para regulamentar as bets, mas ela não foi votada e caducou”, explicou Haddad.

Em sua análise, Haddad ressaltou que, apesar dos atrasos, o governo Lula está determinado a avançar com a regulamentação, que deverá entrar em vigor seis meses após sua publicação. “O tempo agora chegou”, concluiu, reafirmando o compromisso do governo em enfrentar o tema de maneira decisiva.