Grandes leilões de energia em 2025 incluem térmicas, hidrelétricas e inovação com baterias

Por Redação - Em 30/12/2024 às 12:42 AM

Energia Elétrica Linha De Transmissão Foto Agência Brasil

De acordo com o ONS, a demanda de energia no Brasil deve crescer anualmente em cerca de 3 GW FOTO: Agência Brasil

O setor de energia brasileiro se prepara para um ano movimentado em 2025, com a realização de ao menos cinco grandes leilões, incluindo a contratação de reserva de capacidade. A expectativa é que os primeiros certames ocorram nos primeiros meses do ano, com um foco crescente na inclusão de térmicas a gás e a entrada de hidrelétricas. Uma das novidades mais aguardadas será o leilão para sistemas de armazenamento com baterias, previsto para junho de 2025, marcando uma possível revolução na matriz elétrica brasileira.

De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a demanda de energia no Brasil deve crescer anualmente em cerca de 3 GW, especialmente nos horários de ponta de carga, como no início da noite. Isso faz com que o Sistema Interligado Nacional (SIN) precise de mais potência a cada ano, destacando a importância dos leilões para garantir a estabilidade do sistema.

O leilão de reserva de capacidade, que estava inicialmente agendado para agosto de 2024, foi adiado devido a discussões sobre as fontes de energia a serem contratadas. O Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, prometeu que a portaria do certame será publicada ainda em dezembro deste ano. Embora o atraso tenha gerado preocupações, o ONS tranquilizou o mercado, destacando que o Sistema Interligado apresenta um excedente de energia, mas com uma demanda crescente por potência, o que reforça a necessidade de realizar os leilões o quanto antes para garantir o equilíbrio estrutural do sistema a partir de 2025.

Para o diretor de Regulação da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Ricardo Brandão, o adiamento do leilão para 2025 não deverá causar grandes problemas, uma vez que as perspectivas são de contratação de potência termelétrica para os anos de 2027 e 2028, com a participação de usinas novas e existentes. A contratação de hidrelétricas também está prevista para 2028, com foco na ampliação de capacidade de usinas já em operação.

Carlos Baldi, presidente da Energia Pecém, considera o atraso como um “problema com solução”, defendendo a participação de usinas já amortizadas no leilão. Segundo Baldi, a utilização de infraestrutura existente pode beneficiar os consumidores. Contudo, ele alerta que, quanto mais demorar a realização dos leilões, maior será o risco de dificuldades para o ONS operar o sistema, o que pode impactar o preço da energia.

Armazenamento

Um dos principais destaques para 2025 é o leilão de sistemas de armazenamento por baterias, com previsão de ocorrer em junho. A inclusão de baterias na matriz elétrica brasileira é vista como uma estratégia para atender às metas de transição energética do país. De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), as baterias possuem capacidade de resposta instantânea e flexibilidade operativa, características que podem contribuir para a estabilidade da rede elétrica.

Markus Vlasits, presidente da Associação Brasileira de Soluções de Armazenamento de Energia (ABSAE), defende um marco regulatório robusto para o setor, com a expectativa de que a capacidade de armazenamento cresça para mais de 20 gigawatts-hora até 2030. Vlasits também destaca a importância de sistemas de armazenamento, citando exemplos como o Reino Unido, a Austrália e a Califórnia, onde essas tecnologias têm contribuído para a confiabilidade da rede em momentos de estresse.

Carlos Baldi, apesar de avaliar como positiva a entrada de baterias no sistema, adverte que elas ainda não possuem o requisito de confiabilidade exigido para garantir a estabilidade do fornecimento de energia a longo prazo. Segundo ele, o uso de baterias deve começar de forma experimental, com a criação de regulações claras e definição de como será feita a remuneração e a localização das instalações.

Expectativas para o setor

Além do leilão de baterias, outros certames estão previstos para 2025. O MME anunciou recentemente as diretrizes para o leilão de sistemas isolados, com previsão para maio de 2025, com investimentos estimados em R$ 452 milhões para a geração de 49 MW. Já em outubro de 2025, será realizado o leilão de instalações de transmissão de Rede Básica, com a inclusão de transformadores de potência com tensão primária igual ou superior a 230 kV.

Também está previsto um leilão de energia nova para julho de 2025, com a contratação de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs) e hidrelétricas com potência de até 50 megawatts. Segundo Alessandra Torres, presidente da Associação Brasileira de PCHs e CGHs, as usinas hidrelétricas de pequeno porte têm sofrido uma queda na participação dentro da matriz elétrica brasileira, o que se arrasta há 15 anos.

Com esses novos leilões e iniciativas, o setor de energia brasileiro se prepara para um ano de transformações, com a inserção de novas fontes de geração e armazenamento, além de investimentos significativos em infraestrutura de transmissão. O planejamento para os próximos anos terá impacto direto na confiabilidade do sistema e no custo da energia para os consumidores.

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