ECONOMIA E INDÚSTRIA
Hub de Hidrogênio Verde poderá gerar investimentos de R$ 200 bi no Pecém
Por Marcelo - Em 10/05/2023 às 6:53 PM
O Porto do Pecém e o Governo do Ceará, seu controlador, deram nesta quarta-feira (10), mais um importante passo com o objetivo de tornar o Complexo do Pecém no maior produtor e exportador de Hidrogênio Verde (H²V) do Brasil. E com vultosos investimentos privados de grandes players nacionais e internacionais que devem ficar em torno de R$ 200 bilhões, caso todos os 28 memorandos de entendimento (MoUs) já assinados – três deles já na fase de pré-contratos -, sejam efetivados, no decorrer dos próximos nove anos. Isso deverá mudar, definitivamente, o perfil industrial e econômico do Ceará, além de colaborar significativamente para o processo de descarbonização do planeta.
Apenas esses três documentos que já se encontram em fase mais avançada – o consórcio entre a Casa dos Ventos, TransHydrogen Aliance e Comerc; AES Brasil, e Fortescue – já representam cerca de R$ 70 bilhões em investimentos na implantação de usinas de produção de H²V e parques solares e eólicos (veja matéria coordenada). E estes números, bem como a parceria existente entre os portos do Pecém e de Roterdã, foram destacados pelo governador Elmano de Freitas e o primeiro-ministro dos Países Baixos, Mark Rutte. E os dois novos acordos assinados hoje, criando o Corredor de Hidrogênio Verde (Green Hidrogen Corridor) entre os dois terminais portuários, além da Parceria de Portos Verdes (Green Port Partnership), entre o Ceará e os Países Baixos, farão com que a produção de H²V a ser obtida na região do Complexo do Pecém tenha uma rota direta para o Porto de Roterdã, que receberá e realizará a distribuição do combustível do futuro para os clientes na Europa.
“Os portos do Pecém e de Roterdã comporão a porta de entrada do Hidrogênio Verde para o continente europeu. Tenho certeza que o Pecém tem todas as condições de ser o maior fornecedor de H²V para a Europa. Aqui vocês têm as melhores condições, terras, energias renováveis, ações governamentais e um porto bem estruturado. Roterdã tem a expertise, logística, gestão e está perto do maior mercado consumidor deste combustível limpo. Hoje, a cúpula da cadeia do Hidrogênio global está reunida em Roterdã, debatendo ideias e soluções. O Hidrogênio é uma tecnologia atual e voltada para o futuro. E o Ceará assume uma posição de protagonismo nesse processo. Os portos do Pecém e de Roterdã serão fundamentais rumo ao futuro que já se iniciou, visando a redução da poluição no planeta, pois o H²V será um importante combustível para as indústrias da Europa e também do Brasil, uma necessidade absoluta. A aciaria da siderúrgica existente aqui no Complexo do Pecém pode ser uma grande consumidora também”, explica Mark Rutte.
Descarbonização
Já o governador cearense foi enfático em dizer que as parcerias firmadas hoje, expressam a disposição do Ceará em ajudar a humanidade em descarbonizar a sua economia. “Existe uma nova economia no mundo e fico muito feliz em estar ligando este porto, ao de Roterdã, paara ajudar a humanidade a ter dias melhores. Temos um profundo orgulho da parceria com o Porto de Roterdã, pelos seu profissionalismo, capacidade de visão, experiência que nos trouxe. Assinamos aqui com alguns investidores que estão com os projetos mais avançados. E o grande desafio do H²V é começar o negócio, que é novo, que exige definição de preço, regulamentações, vai envolver a discussão de reforma tributária no Brasil. O Plano Nacional de Hidrogênio Verde, que está sendo debatido no Senado Federal e, para nossa alegria o presidente da subcomissão é o senador Cid Gomes. Temos tudo para protagonizar e, ao mesmo tempo temos a parceria no Porto do Pecém, que pode se transformar no Hub de Hidrogênio e, daqui, sair a maior parte da exportação do H²V para o mundo. E o Porto de Roterdã com a referência, que está se adptando para ser a entrada do H²V para a Europa e o mundo. Vamos constituindo uma estrutura capaz de viabilização de Hidrogênio Verde, tendo os portos do Pecém e de Roterdã como âncoras fundamentais desse projeto”, afirma.
E lembrou que o Governo do Ceará já tem um financiamento em curso com o Banco Mundial, da ordem de US$ 40 milhões, para a realização de novos investimentos e ampliação no Porto do Pecém, com um novo berço de atração específico para o H²V e amônia verde. “Imaginamos que no futuro, com a Transnordestina, o nosso porto poderá receber o trem os grãos da região do MA-TO-PI-BA e retornar com fertilizantes produzidos a partir do Hidrogênio Verde. Vamos fazer uma grande ampliação no Porto do Pecém para adaptá-lo a essa nova realidade. Temos orgulho da parceria com o Porto de Roterdã e se o Ceará pode ser o local de onde sairá o H²V produzido no Nordeste e exportado para a Europa, Roterdã será o porto de entrada. E essa parceria fortalece o Porto do Pecém como um Hub fundamental de referência, para o Brasil, de produção e exportação de Hidrogênio Verde para o mundo”, salienta Elmano de Freitas.
Durante o evento no Porto do Pecém, foi realizada uma conexão direta com Roterdã, onde os grandes players globais estavam reunidos no World Hydrogen Summit & Exhibition, realizado até amanhã no Rotterdam Ahoy Convention Center, do qual o titular da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), Salmito Filho, está participando. Junto com ele estão o secretário-executivo da Indústria da SDE, Joaquim Rolim, e o presidente do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, Hugo Figueirêdo, que foi objetivo. “Hoje, conjuntamente com o Porto de Roterdã, assinamos o MoU que cria o Corredor de Hidrogênio Verde. Ele é muito importante para garantir a chegada da produção de H²V no Ceará, ao mercado consumidor europeu. A transição energética é uma grande oportunidade para a transformação do desenvolvimento do Ceará e do Complexo do Pecém“, completa.