A diminuição nas expectativas é vista como um reflexo da cautela do setor diante de um cenário macroeconômico ainda marcado por juros elevados

O Índice de Confiança de Serviços (ICS) registrou uma queda de 0,6 ponto entre novembro e dezembro, encerrando o mês com 94,3 pontos, conforme dados divulgados nesta sexta-feira (27) pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Essa é a segunda queda consecutiva do indicador, ajustado sazonalmente, refletindo uma desaceleração na confiança do setor. No entanto, quando analisado em médias móveis trimestrais, o ICS apresentou um leve avanço de 0,2 ponto, indicando uma possível recuperação parcial ao longo do período.

O economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), Stéfano Pacini, destacou em nota que o desempenho do índice em dezembro reforça um cenário misto para o setor em 2024, com divergências entre a situação atual e as expectativas para o futuro. A redução nas expectativas acendeu um alerta, principalmente no segmento de serviços voltados às famílias, que tem sido um dos pilares para a sustentação da confiança no setor. Por outro lado, a percepção sobre a situação atual melhorou pelo terceiro mês consecutivo, o que sugere uma demanda consistente e crescente no setor de serviços.

Em termos de subcomponentes, o Índice de Situação Atual (ISA-S) subiu 0,2 ponto, alcançando 97,9 pontos, enquanto o Índice de Expectativas (IE-S) registrou uma queda mais acentuada de 1,3 ponto, indo para 90,9 pontos. A diminuição nas expectativas é vista como um reflexo da cautela do setor diante de um cenário macroeconômico ainda marcado por juros elevados, embora os bons resultados em emprego e renda sirvam como fatores positivos para o segmento.

Ao analisar os componentes do índice, observou-se que, entre os itens da situação atual, o indicador que mede a avaliação sobre os negócios avançou 0,3 ponto, chegando a 98,5 pontos. Já o item que avalia o volume da demanda atual teve um crescimento mais modesto de 0,1 ponto, atingindo 97,2 pontos.

Por outro lado, os componentes das expectativas apresentaram recuos. A demanda prevista para os próximos três meses caiu 0,6 ponto, para 91,3 pontos, enquanto a tendência dos negócios nos próximos seis meses sofreu uma diminuição mais significativa de 1,9 ponto, indo para 90,7 pontos.

Apesar do resultado negativo de dezembro, o setor de serviços terminou o quarto trimestre de 2024 com uma alta de 0,6 ponto em relação ao período anterior. Essa melhora foi puxada pela avaliação positiva da situação atual ao longo do segundo semestre do ano, após um início de ano mais fraco.

De acordo com Pacini, o ano de 2024 foi caracterizado por uma estabilidade relativa no setor de serviços, com uma leve recuperação no final do ano, impulsionada pela melhoria no cenário atual. A pesquisa de dezembro da Sondagem de Serviços foi realizada entre 2 e 23 de dezembro, com a participação de 1.362 empresas.