afirma camilo santana

Investimento em educação é o caminho para alcançar o desenvolvimento econômico

Por Redação - Em 31/03/2023 às 8:13 PM

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Ministro da Educação falou sobre os desafios e os avanços necessários na área para a construção de um país mais desenvolvido socioeconomicamente

“A produtividade é o grande motor de desenvolvimento socioeconômico de qualquer país. E o ganho de produtividade só pode ser alcançado por meio da educação”. A afirmação foi feita pelo ex-governador do Ceará, senador licenciado e atual ministro da Educação, Camilo Santana, durante o debate “Um novo horizonte para a educação no Brasil e o impacto na economia e na sociedade”. Realizado pelo Lide Ceará, o evento ocorreu no Gran Marquise Hotel e reuniu uma plateia qualificada de empresários dos mais diversos setores.

Para embasar sua afirmação, Camilo Santana citou estudos realizados em todo o mundo mostrando o impacto direto do investimento em educação na economia e citou o exemplo de países que se reposicionaram no contexto global a partir do avanço educacional da população. “Investir em educação é melhorar a economia de qualquer país. Diversos estudos já mostraram isso. A produtividade do trabalhador capacitado é muito maior. A produtividade resulta no crescimento econômico de qualquer nação. Um estudo do Banco Mundial, por exemplo, mostrou que, se a produtividade brasileira fosse igual à dos Estados Unidos, a renda per capita do Brasil aumentaria quase três vezes. O BNDES, por sua vez, realizou um estudo que constatou que um crescimento econômico acima de 2% ao ano de forma sustentável só é possível com um grande salto de produtividade. E uma das razões para a baixa produtividade brasileira é a baixa qualidade da educação básica”, disse.

Ele lembrou que países que um dia já foram mais pobres do que o Brasil hoje são grandes economias mundiais devido ao investimento que realizaram na área educacional. “A Coreia do Sul era um país muito pobre na década de 1950. O segredo da Coreia do Sul foi apostar em educação e inovação. Em 2019, a Coreia se transformou na 12ª economia mundial e a 4ª maior economia da Ásia. Há quarenta, cinquenta anos, a China, que hoje desponta como grande economia mundial, era mais pobre do que o Brasil. O segredo da China foi investir em ciência, tecnologia, educação e inovação. Cingapura da mesma forma. Era mais pobre do que o Brasil e, hoje, é o primeiro lugar no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que mede a educação no mundo inteiro”, afirmou.

Para o ministro, mudar a realidade da educação no Brasil passa por garantir a permanência das pessoas na escola e assegurar o aprendizado correspondente para cada faixa etária, evitando repetências de séries escolares que resultam em evasão escolar, aumento do déficit de aprendizado e elevação dos gastos. “Segundo o IBGE, mais da metade das pessoas com 25 anos ou mais não possui ensino médio completo no nosso País. Hoje, temos 13 milhões de nem-nem: nem estuda, nem trabalha. Cerca de 20% dos jovens abandonaram alguma etapa da educação básica. Dados do Pisa mostram que 34% dos estudantes de 15 anos repetiram de ano ao menos uma vez no Brasil. Quando esse aluno repete de ano, o desempenho dele tende a ser pior no ano seguinte. Dos 77 países avaliados pelo Pisa em relação à reprovação, o Brasil é o 73º. Só estamos à frente de países como Líbano, Marrocos e Colômbia em termos de reprovação na educação básica, informou.

Custo da repetência

Segundo Camilo Santana, altas taxas de repetência geram custos enormes para a sociedade. No aspecto econômico, há perdas para o indivíduo e para a coletividade. O custo com um estudante repetente, por exemplo, pode ser quatro vezes maior do que o valor investido em um estudante na idade adequada de aprendizado.  “Um estudo do Ipea mostrou que, em 2017, o custo da extensão do tempo do aluno na escola por causa de reprovação foi de R$ 16,8 bilhões. No livro ‘Consequências da violação do direito à educação’, de 2021, há a estimativa de que a perda pessoal ao longo da vida de um jovem que não conclui a educação básica é de R$ 290 mil. A perda total para a sociedade é de R$ 395 mil por jovem no Brasil. A perda resultante de um jovem que não conclui a educação básica é mais de quatro vezes o que nós gastamos atualmente investindo na educação de um jovem na educação básica”, exemplificou.

O ministro reforçou que o Brasil perdeu décadas de desenvolvimento por não priorizar a educação, mas que o atual governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem a área como prioridade.  Nesse sentido, sua gestão à frente do Ministério da Educação tem como missão reconstruir as políticas públicas educacionais do País, ampliar os investimentos, garantir a alfabetização na idade certa e a formação adequada de jovens conforme as demandas do mercado de trabalho, além de incentivar a pesquisa e a inovação.

Nessa missão, ele conta com o trabalho da ex-secretária da Fazenda do Ceará, Fernanda Pacobahyba, e da ex-governadora do Estado, Izolda Cela, além de uma equipe formada por especialistas de diversas regiões do Brasil.

Primeiras ações

Nos três primeiros meses à frente do Ministério, Camilo Santana já adotou medidas importantes para a educação brasileira, como o reajuste dos valores per capita do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que não eram corrigidos há seis anos; o aumento nos valores das bolsas de pós-graduação e iniciação científica e na quantidade de bolsas a serem concedidas – o último reajuste no valor das bolsas tinha sido em 2013; e a manutenção de obras em andamento.

Pilares

Segundo o ministro, sua gestão será baseada em três eixos principais: alfabetização das crianças na idade certa, política de escola em tempo integral e profissionalizante conectada com o mercado de trabalho e conectividade das escolas com finalidade pedagógica.

Para isso, ele conta com a experiência exitosa do Ceará, que hoje é referência nacional em alfabetização na idade certa. Mas o ministro também afirma que buscará experiências bem-sucedidas em outros estados para construir uma política educacional eficiente para o País. Ele lembrou, ainda, que essa política não deve ser “de cima para baixo”, mas construída por todos os entes federados. “O protagonismo tem que estar no município, no estado. É preciso ter o compromisso do governador, do prefeito, dos secretários de educação”, enfatizou.

Por fim, ele reforçou que a transformação educacional de um país não ocorre em apenas quatro anos, mas pretende deixar o caminho “pavimentado” para as próximas gestões, garantindo a continuidade da política educacional. “Queremos uma grande política nacional de educação que reduza desigualdades e garanta equidades. Para isso, é preciso união. A política precisa ser construída para melhorar a vida das pessoas”, afirmou.

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