EVENTO NA FIEC
Jorge de Lima diz que é preciso separar a política da economia e reduzir o “Custo Brasil” para promover a competitividade
Por Marcelo - Em 28/04/2021 às 5:46 PM
O secretário do Desenvolvimento da Indústria, Comércio, Serviços e Inovação, Jorge Luiz de Lima, afirmou nesta quarta-feira (28), durante evento na Federação das Indústrias do Estado do Ceará, que é preciso despolitizar a economia. Lembrou que o “Custo Brasil” representa cerca de R$ 1,5 trilhão anuais e que o enxugamento dessas despesas aumentaria significativamente o nível de competitividade do nosso País.
“O Brasil tem a indústria pagando cerca de 70% dos impostos, mas quem gera de 70% a 80% de contratação da mão de obra são os setores de comércio e serviços. O “Custo Brasil” é um guarda-chuva, baseado num estudo feito pelas federações, algumas associações e o movimento Brasil Competitivo, de onde se conclui que tem 12 grandes itens, que a gente chama de mandalas, e que passam por desburocratização, simplificação tributária, crédito, segurança jurídica, infraestrutura, entre outros. Ele é para destravar o País, pois não somos competitivos hoje. Se pegar qualquer país mediano da OCDE a gente é muito pior. Então ele é um custo que a gente tem de começar a mexer”, afirmou.
Jorge Luiz de Lima ressaltou que o Governo Federal tem 22 projetos que foram encaminhados ao Congresso Nacional para reduzir esse “Custo Brasil” e acelerar o desenvolvimento econômico do País. Mas lembrou que alguns deles têm reações imediatas, como as normas regulamentadoras, que às vezes dão impacto no dia seguinte. “Em compensação temos projetos mais de longo prazo, como a Lei do Saneamento, a Lei do Gás, que tem um período de investimentos de até dez anos, para ter o máximo da economia. Por isso que a gente fala em potencial de redução do “Custo Brasil”. Tem coisas que são amanhã e coisas que vão acontecer ao longo dos anos. Mas se você não começar hoje, não vai começar nunca”, asseverou.
Jorge de Lima ressaltou também que esse é um projeto que independe de política, pois na sua opinião economia não deveria ser tratada como política, e que esse é um dos grandes erros do Brasil. “A gente mistura política com economia. Não, economia é necessária, Hoje a gente tem 38 milhões de informais, via auxílio emergencial, um susto para mim. Então, temos 38 milhões de pessoas na informalidade, sem acesso a nada, que é uma das maiores injustiças que a gente pode fazer. Uma das grandes preocupações do secretário Carlos da Costa e do ministro Paulo Guedes. Do outro lado temos entre 33 e 35 milhões com carteira assinada, 70% deles recebendo abaixo de cinco salários mínimos. Como é que nós vamos sair da pobreza?”, questionou.
Destacou que é necessário fazer reformas estruturantes, por meio de projetos que tramitam no Congresso Nacional, que significam um potencial de economia em torno de R$ 500 bilhões. “Ee outros que vamos na medida que for passando o tempo. Mas tem de começar a fazer. Temos de mexer na economia, senão não vamos sair dessa situação. São que a maturação deles, por serem de longo prazo, independem de qual governo vai estar aí daqui a quatro, oito ou 12 anos. Mas é fundamental começar agora e há uma coisa muito importante, que é envolver os estados”, disse.
Salientou que o Brasil não tem 27 estados, mas 27 países. “Se compararmos qualquer país da nossa dimensão, sejam os Estados Unidos, Canadá, Austrália, Rússia, China , vamos ver que a característica geoeconômica, social, não tem tanta diferença igual a gente. Então, o “Custo Brasil” precisa das coalizões estaduais estarem envolvidas. E alguns desses projetos vão chegar nos estados.Não adianta só fazer a lei federal, pois acaba entrando na esfera estadual.Tivemos uma reunião com o governador Camilo Santana e foi muito boa. Ou a gente começa a fazer, ou vamos continuar reclamando. Reclamar é fácil, fazer é que é difícil”, comentou.
E ressaltou que os projetos em tramitação podem movimentar um estado mais que o outro, mas todo o País será movimentado. “Hoje o Nordeste tem a maior parte dessa informalidade. Cerca de dez milhões de miseráveis que a gente tem, está em uma pequena parte do Nordeste e no Norte. Então, temos de ter na cabeça o todo. Uma reforma tributária atinge todo mundo, o marco do empreendedorismo que ajuda o pequeno e médio empresário atinge, assim como o marco das startups. Energia, que é um dos custos mais caros do Norte e Nordeste, você precisa fazer o marco elétrico e privatizar. E esse é um projeto que é do setor produtivo, junto conosco, que envolve todos ministérios, todos os secretários e todos os estados. Então, é um projeto que se der certo é com base nos empresários, que têm de entrar na discussão”.
Mas lembrou que é preciso olhar o Brasil como um todo, com características diferentes. “Então você pode pensar em quê o marco das ferrovias vai te afetar. Afeta, pois o custo logístico do Brasil é interligado. Enquanto os Estados Unidos gastam 7,7% do PIB com logística, a gente gasta 12,5%. E temos problemas logísticos, apesar de todo o trabalho do Ministério da Infraestrutura. Esse é um trabalho do setor produtivo, do Governo, que conta com apoio do Congresso Nacional, que é reformista hoje, e depende da ajuda de todos. Mas temos de focar na economia. E ainda temos uma pandemia brutal. É um momento de união. A gente tem de olhar economicamente, o resto a gente discute em um outro momento”, completou Jorge de Lima.
O presidente da FIEC, Ricardo Cavalcante, ressaltou que o trabalho que está sendo feito é focado não no que está dentro da indústria, mas sim ao seu redor. “São esses custos indiretos, que às vezes passam pela produção. E o trabalho que o secretário Jorge e as federações estão fazendo é no sentido de alertar que esse “Custo Brasil” representa não só para a indústria, o comércio, os serviços, mas para nós cidadãos. Estamos pagando sempre, uma coisa que não aparece. Ele é como o ar, que você tem de consumi-lo e paga por ele, de uma forma que não precisa”, disse.
E como por meio do levantamento realizado pelo Observatório da Indústria se mostra que é gasto R$ 1,5 trilhão anuais, de forma desnecessária, recursos que poderiam ser economizados e investidos em outras áreas, é preciso tomar medidas urgentes. Ricardo Cavalcante destacou que o “Custo Brasil”, hoje, está embutido em todos os setores, e se faz necessário combatê-lo de forma planejada, eficaz, para melhorar a competitividade do País. O vice-presidente da FIEC, Carlos Prado, e o presidente do Sistema Fecomércio-CE, Maurício Filizola, também acompanharão o evento de forma presencial.
De acordo com o líder do Observatório da Indústria, em setembro do ano passado o presidente da FIEC assinou o protocolo com o Ministério da Economia, no qual o órgão trabalha a redução do “Custo Brasil”. “Vamos lançar o Centro de Inteligência do “Custo Brasil”, que vai automatizar todas as informações, por meio de robôs que as disponibilizarão em tempo real, dando uma dinâmica maior para as tomadas de decisões do Governo, gerando maior celeridade nos processos e assertividade. Com informações de todos os municípios brasileiros. E é bom ressaltar que não tem recurso, o ministério não está pagando nada para o Observatório da Indústria. É uma ação que a FIEC, por intermédio do presidente Ricardo Cavalcante, está fazendo em prol de todo o País”, explicou Sampaio Filho.
Confira a geleria de fotos do evento: