PRODUÇÃO SERÁ REDUZIDA
Presidente do Grupo Haisa alerta para alta no preço do frango e do ovo. O motivo?
Por Marcelo - Em 12/05/2021 às 2:33 PM
José Quintão, dono de um sólido grupo de empresas do Agronegócio, fez um alerta com relação às constantes altas no preço dos insumos para os produtores de ovos e aves de corte, não apenas do Ceará, mas de todo o Brasil, devido à constante alta das matérias primas da ração, principalmente milho e soja.
Ele ressaltou que não está havendo falta desses produtos, mas os preços subiram muito nos últimos seis meses, em torno de 50%, o que está dificultando de maneira significativa a produção, devido aos custos estarem bastante elevados. E não está havendo possibilidade desse custo ser repassado para os consumidores.
Destacou que da maneira como está, o negócio fica inviável. “A alternativa que estamos vendo será reduzir a produção e aumentar os preços, pois não podemos continuar trabalhando com prejuízos durante tanto tempo. Acredito que os preços do frango e dos ovos devam ter uma alta de 30% em breve”, disse o presidente do Grupo Haisa.
O empresário do setor avícola explicou que nas últimas reuniões que aconteceram na Associação Cearense de Avicultura (Aceav), a reclamação é a mesma, pois todos os produtores têm destacado essa situação preocupante e alegam que não têm como continuar trabalhando desse jeito. E isso está ocorrendo em todo o Brasil.
O Grupo Haisa também possui fazendas de criação de camarões no Ceará e o preço da ração dos crustáceos – que também registrou uma elevação média de 30% desde o fim de 2020 -, aliado ao fechamento parcial dos restaurantes, têm impactado fortemente a carcinicultura cearense.
A ração para os criadores de camarão registrou uma alta de 30% nos últimos seis meses, o que vai repercutir na redução da produção e consequente aumento de preços nos próximos dias. ”Quando o produtor não tem dinheiro para adquirir a ração, precisa reduzir o volume produzido. E isso terá reflexos no preço final”, advertiu José Quintão. Atualmente, a Haisa produz 470 mil ovos por dia, 300 toneladas semanais de frango, além de 30 toneladas mensais de camarões.
Representatividade
Segundo o empresário João Jorge Reis, presidente da Aceav, o milho praticamente dobrou de preço em um ano, pois no primeiro trimestre de 2020 os produtores compravam uma saca de 60 quilos por cerca de R$ 46,00 e, atualmente, ela está em torno de R$ 96,00.
“Hoje a avicultura, tanto de postura quanto de corte, além da suinocultura e o setor leiteiro, têm enfrentado uma alta muito grande de preços nos insumos. Mas existe uma dificuldade muito grande de repassar esta elevação para o consumidor final, que teve redução de ganhos”, salientou.
Isso está estrangulando o setor, e a redução do capital de giro do produtor vai acabar diminuindo o nível de produção. “Vendemos tudo o que produzimos, mas com prejuízos. E, num determinado momento, isso poderá gerar uma alta de preços e fazer com que nem todas as pessoas tenham acesso a esse tipo de alimento, o que preocupa o setor”, lamentou.
E afirmou que não interessa ao setor reduzir a produção, pois houve investimentos em equipamentos, para gerar a expansão dos volumes produzidos, visando garantir o acesso a uma fatia cada vez maior da população aos alimentos. “Mas da maneira que está o mercado de insumos, subindo de maneira constante e sem termos como elevar os preços dos nossos produtos, acaba inviabilizando o negócio. Antes, havia aumentos sazonais, mas tínhamos como fazer estoques. Hoje, não temos condições de prever e as altas dos custos são consecutivas, o que não é bom nem para nós, produtores, nem para os consumidores”, completou João Reis.