PRODUÇÃO DE ENERGIA
Maia Júnior destaca os investimentos bilionários no Hub de Hidrogênio Verde
Por Marcelo - Última Atualização 27 de julho de 2021
O secretário de Desenvolvimento e Trabalho do Ceará, Maia Júnior, foi o palestrante do webinar com o tema: “O Hub de Hidrogênio Verde do Ceará”, realizado nesta sexta-feira (23), e que contou com a moderação do secretário-executivo da Seplag, Flávio Ataliba, destacando que o Ceará tem mudado o ser perfil econômico nos últimos anos, procurando se engajar na nova modernidade da economia mundial, com os Hubs logístico, aéreo e de telecomunicações.
E agora, mais uma vez, o Ceará parte na frente com o Hub de H2V, em parceria com a Federação das Indústrias e a UFC. O titular da Sedet ressaltou a importância para a economia cearense com o Hub de hidrogênio e as mudanças a partir de 2018, de aperfeiçoamento das políticas de gestão pública do Estado. E o novo Hub de Hidrogênio Verde deverá atrair mais de R$ 100 bilhões nos próximos anos.
Lembrou que houve o apoio a um projeto de produção de hidrocarbonetos para a aviação, a partir do H2V, idealizado por um cearense com doutorado pela Unicamp. E isso teve maior impulso a partir do Acordo de Paris, com o objetivo de descarbonizar a camada de ozônio da atmosfera do planeta.
A primeira empresa a ser atraída foi a australiana Energix Energy, que firmou um protocolo de investimento de US$ 5,4 bilhões (cerca R$ 28 bilhões), para a construção de uma planta de produção de Hidrogênio Verde na região do Complexo do Pecém.
“A partir desse momento, o Ceará ganhou uma visibilidade com grandes empresas, demandando negociações de protocolos para investirem não só no programa de produção de Hidrogênio Verde, mas principalmente para a exportação”, disse Maia Júnior.
Destacou que já foram assinados outros quatro protocolos de entendimento com o Governo do Ceará, envolvendo empresas como a norte-americana Linde, dona da White Martins; em seguida a empresa francesa Qair, que produzirá energia renovável e construirá uma usina de eletrólise para produção de Hidrogênio Verde, para exportação, com cerca de US$ 6,9 bilhões, ou cerca de R$ 36 bilhões.
“E, mais recentemente, assinamos com a quarta empresa de mineração do mundo, a também australiana Fortscue, que vai construir uma grande planta de produção de Hidrogênio Verde aqui na região do Complexo do Pecém, com investimento de US$ 6 bilhões (R$ 31 bilhões)”, afirmou o titular da Sedet.
E devido a questões de confidencialidade existem outras duas empresas já em fase de negociação adiantada, sendo uma da França e outra da Espanha, cujas propostas estão em tramitação na Procuradoria Geral do Estado. E há uma carteira grande com outras empresas estrangeiras e nacionais, para ampliar esse Hub de Hidrogênio Verde no Ceará.
“O Ceará está jogando todas as suas apostas para criar condições de geração de riqueza, em busca de uma economia nova, mais inclusiva, mais sustentável, com mudanças nas suas regras de governança e compliance, trazendo grandes empresas para investir aqui e gerar oportunidades para os cearenses, sob a liderança do governador Camilo Santana”, salientou Maia Júnior.
Finalizou lembrando que hidrogênio é o caminho definitivo para colocar o Ceará numa outra plataforma de desenvolvimento e de novas tecnologias. Esses projetos demandam tempo, pois serão complexos e vão quebrar paradigmas, como aconteceu com o óleo e gás na década de 50, representando o futuro.
Já o secretário Executivo de Energia e Telecomunicações da Seinfra, Adão Linhares, destacou os grandes investimentos na área industrial que tem sido realizados pelo Ceará, especialmente na área de energias renováveis, exportando produtos para vários países do mundo.
“E tudo isso facilita a instalação do Hub de H2V no Complexo do Pecém, junto com a questão da energia gerada a partir dos ventos e do sol; governança implantada pelo Governo do Ceará, e logística, com a posição estratégica do Porto do Pecém, em relação à Europa”, salientou Adão Linhares.
Um estudo já realizado mostrou que o potencial de energia solar de 643 GW, solar e eólica 137 GW no interior do Estado, e mais 117 GW e 94 GW em eólica (onshore e offshore). Destacou, ainda, que o Ceará já dispõe de uma usina de produção de Gás Natural Renovável, em Caucaia, com distribuição do GNR realizado para empresas pela Cegás.
Adão Linhares ressaltou que o Hub de H2V terá capacidade de produzir 34 mil toneladas de Hidrogênio Verde por dia, e será capaz de desenvolver 50 projetos na região, como o da Arábia Saudita, reduzindo significativamente a emissão de gás carbônico que provoca o efeito estufa na atmosfera. E o hidrogênio aqui produzido terá o menor preço para o mercado europeu, onde chegará pelo Porto de Roterdã, parceiro comercial do Porto do Pecém.
O consultor de Energia da FIEC, Jurandir Picanço, ressaltou o elevado potencial de geração de energias renováveis existente no Ceará, que serão utilizadas na produção de Hidrogênio Verde – por meio da eletrólise da água -, com zero emissão de gás carbônico.
Ressaltou que a Região Nordeste tem o maior potencial de produção de energia eólica do Brasil, em cerca de 52%. Já na produção de energia solar, a região também está inserida na área com um dos maiores potenciais produtivos de todo o planeta.
“Uma consequência de tudo isso, é que segundo o mapa da Bloomberg News Energy Finance, o Brasil tem as melhores condições mundiais da produção de Hidrogênio Verde, atraindo a atenção de grandes players globais, com investimentos de bilhões de dólares”, afirmou Jurandir Picanço.
E o doutor em Economia pela UFC e professor do Caen, Maurício Benegas, salientou que o Ceará não é mais um Estado fadado ao subdesenvolvimento e à pobreza, graças às mudanças tecnológicas advindas com a geração de energias eólica e solar fotovoltaica, que temos aqui em abundância. E que, agora, passarão a ser utilizadas na produção do Hidrogênio Verde. Questionou, entretanto, os custos de produção do H2V e de veículos movidos a hidrogênio.