
AVALIA ABIMAQ
Novas tarifas dos EUA ameaçam competitividade da indústria brasileira de máquinas e equipamentos
Por Redação - Em 04/04/2025 às 12:13 PM

“Precisamos gerar valor no Brasil e industrializar nossas matérias-primas aqui”, avalia o presidente-executivo da Abimaq, José Velloso
As novas tarifas impostas pelos Estados Unidos, anunciadas por Donald Trump na última quarta-feira (2), deverão ter um impacto significativo na indústria brasileira de máquinas e equipamentos, alertou o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso. Embora o Brasil tenha sido incluído na lista de países que terão uma tarifa de 10%, considerada mais branda em comparação com outros países, os efeitos dessa medida podem ser profundos para o setor.
O principal impacto, segundo Velloso, será a perda de competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano, o maior destino das exportações brasileiras de máquinas e equipamentos, que representa 7% do faturamento do setor. Com a tarifa de 10%, os produtos nacionais perderão parte de sua atratividade frente aos concorrentes americanos, o que pode diminuir as vendas e afetar as receitas do setor.
Outro efeito mais preocupante, de acordo com o executivo, é o aumento da concorrência no mercado interno. Países como China, Japão, Coreia do Sul e diversas nações da União Europeia, que enfrentarão tarifas mais altas nos Estados Unidos, deverão redirecionar suas exportações para novos mercados, incluindo o Brasil. Isso intensificaria a competição com os fabricantes nacionais, que já vêm sentindo o aumento das importações, especialmente da China. Em 2023, mesmo com uma leve queda de 0,2% no consumo de máquinas no Brasil, as importações chinesas cresceram 34%, o que fez com que a participação dos fabricantes brasileiros no mercado interno caísse de 60% para 54%.
Além disso, a indústria nacional já enfrenta um aumento nos custos de insumos, principalmente o aço, o que agrava ainda mais a competitividade do setor no Brasil. Com esses desafios somados, a situação se torna ainda mais difícil para os fabricantes locais, que precisam lidar com uma maior pressão tanto no mercado externo quanto interno.
Diante desse cenário, Velloso reconhece a agilidade do governo brasileiro em buscar negociações com os Estados Unidos para amenizar os impactos das tarifas. Ele também defende a implementação de uma política de “escalada tarifária”, com tarifas progressivas conforme o nível de processamento dos produtos. Essa estratégia, segundo o presidente da Abimaq, poderia incentivar a agregação de valor no Brasil e promover a industrialização das matérias-primas no país.
Em um momento de grande desafio para a indústria brasileira, Velloso acredita que a solução passa por uma combinação de negociações diplomáticas eficientes e pela adoção de medidas internas que fortaleçam a produção nacional. “Precisamos gerar valor no Brasil e industrializar nossas matérias-primas aqui”, afirmou, destacando a importância de fortalecer a competitividade da indústria no cenário global.
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