Geraldo Alckmin

A transição energética é fundamental para garantir a expansão socioeconômica em um mundo cada vez mais preocupado com a questão ambiental e o desenvolvimento sustentável. Nesse contexto, “o Ceará tem uma oportunidade fantástica” com o desenvolvimento do hidrogênio verde, uma vez que o Estado detém grande potencial para as energias renováveis. A avaliação foi feita pelo vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, durante encontro com industriais e autoridades políticas na sede da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) nesta sexta-feira (29).

“A pergunta sempre foi ‘O que eu faço bem e barato?’. Agora, a pergunta é ‘O que eu faço bem, barato e onde eu consigo compensar as emissões de carbono?’. O Ceará tem uma oportunidade incrível, fantástica. É preciso descarbonizar. O hidrogênio é o caminho, mas para produzir hidrogênio, vou ter que gastar uma energia gigante para fazer hidrólise. Se eu usar uma energia que não é renovável, trocarei seis por meia dúzia. O hidrogênio verde precisa ter energia renovável. Estamos na capital da energia eólica e solar, que é mais barata”, disse Alckmin.

Mercado de carbono

O vice-presidente reforçou que é preciso preservar a Floresta Amazônica, uma das três florestas mundiais que vão “segurar” as mudanças climáticas. Ele também lembrou que o Brasil precisa regular o mercado de carbono. “A primeira tarefa é preservar a Floresta Amazônica. Três florestas tropicais vão segurar o planeta, a Floresta Amazônica, no Brasil, e as florestas situadas na Indonésia e na República do Congo. Essas três florestas que restaram vão segurar as mudanças climáticas. E a primeira medida que temos que ter é regular o mercado de carbono. Se a empresa X emite mais do que devia, precisa comprar crédito de carbono. Se a empresa Y emite menos, ela tem crédito de carbono para vender. A gente espera ainda neste ano ter aprovada a lei que estabelece o mercado de carbono regulado”, destacou.

Para Alckmin, a “boa notícia” é que o desmatamento “despencou” no Brasil, caindo mais de 50%. “Esse desmatamento não era feito por agricultores, mas por grileiros de terras. Cada hectare de floresta desmatada e queimada emite 300 toneladas de carbono. Então, a segunda tarefa é ajudar o planeta na descarbonização. Temos uma tarefa grande pela frente”, afirmou.

Consumo

O evento na Fiec também contou com as presenças do governador Elmano de Freitas e do ex-governador e atual ministro da Educação Camilo Santana

Também presente ao evento, o governador Elmano de Freitas reforçou que o atual cenário mundial possui uma luta política e econômica na qual a questão ambiental é colocada como vetor fundamental para a venda ou não de produtos. “Nessa questão ambiental, a matriz energética é muito importante. Há uma mudança no padrão de consumo do mundo. É bem provável que, no futuro, um jovem que hoje compra um tênis vai levar em conta se esse tênis usou energia limpa na sua produção, se tem certificação verde na sua produção. Por isso que a matriz energética também se relaciona com a indústria que nós temos hoje. Para nós, no Ceará, é muito relevante o debate de energia renovável, primeiro pelo nosso potencial, considerando o que está instalado e o que se pode instalar. Em energia eólica, nós temos muitos investidores que querem investir no Ceará, mas precisamos resolver linhas de transmissão e a prorrogação de benefícios tributários que estão absolutamente incompatíveis entre quem está fazendo o investimento de produção e a linha de transmissão que não existe”, afirmou.

Conforme o governador, sem a resolução da questão dos benefícios tributários, o Ceará pode perder investidores para outros estados, “como já ocorreu”. “Nós não podemos cobrar do investidor que nesse momento ele faça o investimento de energia eólica e ele perca o benefício se a linha de transmissão não está sendo construída. Temos pedido que o governo (federal) prorrogue os benefícios que estão postos na lei, mas que, infelizmente, ainda não conseguimos prorrogar”, disse.

Hubs

O ex-governador do Ceará e atual ministro da Educação, Camilo Santana, também participou do evento e destacou os investimentos realizadas durante seus dois mandatos para alavancar o desenvolvimento econômico do Estado, a exemplo dos hubs aéreo e portuário.

“Com o hub aéreo, saímos de oito voos internacionais semanais para 48 voos. Estamos retomando os voos após a pandemia de covid-19. Voltamos a ter voo para Paris, Lisboa, Orlando, Miami e Argentina. Muitos países cresceram a sua economia a partir do hub aéreo. Também conseguimos, após anos de discussões, construir uma grande parceria com o maior porto da Europa que é o Porto de Roterdã”, lembrou Camilo Santana.

Agenda

Em sua primeira visita oficial ao Ceará como vice-presidente da República, Geraldo Alckmin também incluiu na agenda visita ao Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) e participação no encontro Diálogos Exporta Mais Brasil, evento que encerrou a 5ª rodada do programa da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).