O setor de serviços também experimentou um crescimento de 10,78% nas cidades com parques em operação

Um estudo recente realizado pela Universidade Federal do Ceará (UFC) trouxe à tona os efeitos positivos significativos do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) na construção de parques eólicos, com destaque para um aumento de 20% no PIB per capita dos municípios beneficiados entre 2001 e 2022. A pesquisa, que analisou os indicadores socioeconômicos de 355 cidades nordestinas, comprovou a relevância do financiamento da Sudene na promoção do crescimento econômico e social de localidades com e sem empreendimentos eólicos.

O estudo, intitulado “Avaliação de impacto do financiamento do FDNE na construção de parques eólicos e seus efeitos no mercado de trabalho e indicadores econômicos dos municípios na área de atuação da Sudene”, foi conduzido por uma equipe multidisciplinar liderada pelo professor Guilherme Irffi, do Departamento de Economia Aplicada da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade da UFC. O trabalho, que recebeu o prêmio no 9º Prêmio Tesouro Nacional de Finanças Públicas, tem o objetivo de avaliar os efeitos da implantação de projetos apoiados pelo FDNE sobre o emprego, a renda e os indicadores econômicos e sociais nas cidades do Nordeste.

Impactos 

De acordo com a pesquisa, os municípios com parques eólicos viram um crescimento de 20% em seu PIB per capita, refletindo o impacto positivo desses investimentos na economia local. O estudo também revelou um aumento expressivo no Valor Adicionado Bruto (VAB) dos setores industrial e de serviços. Nas cidades com parques eólicos já em operação, o VAB industrial cresceu 105%, enquanto nos municípios com parques ainda em construção o aumento foi de 32%. O setor de serviços também experimentou um crescimento de 10,78% nas cidades com parques em operação.

Por outro lado, o estudo identificou uma redução de 8,9% no VAB do setor agrícola durante a fase de construção dos parques, devido à ocupação temporária das terras para a instalação das turbinas. No entanto, após a conclusão das obras, os impactos negativos foram neutralizados, sem prejuízos permanentes para a agricultura nas localidades com parques em operação.

O estudo também destacou o impacto positivo dos parques eólicos no mercado de trabalho. Nos municípios com parques em funcionamento, houve um aumento de 23% nos postos formais de emprego, enquanto a massa salarial subiu 27,51%. Mesmo durante a fase de construção dos empreendimentos, o crescimento foi notável, com um aumento de 19,40% nos empregos gerados e uma alta de 25,43% na massa salarial.

Heitor Freire, diretor de Fundos, Incentivos e Atração de Investimentos da Sudene, destacou que a instalação dos parques eólicos não só fortalece a economia, mas também promove uma mudança cultural nas comunidades, com ênfase no desenvolvimento sustentável. “Esse novo cenário energético, que migra para uma matriz de energias renováveis, traz benefícios econômicos e sociais, como a geração de emprego e a melhoria da renda das comunidades locais”, afirmou Freire.

Desenvolvimento regional

O estudo também demonstrou a importância dos recursos do FDNE para impulsionar o desenvolvimento regional e maximizar os impactos econômicos no Nordeste. O FDNE, que financia projetos estratégicos na região, tem um papel crucial na interiorização das ações de desenvolvimento e na promoção de uma economia mais robusta. A Sudene, responsável pela administração do fundo, tem buscado aprimorar constantemente seus instrumentos de apoio aos empreendedores, ampliando a oferta de crédito e incentivando novos investimentos na região.

Em 2024, a Sudene estima que o fundo tenha uma composição de recursos de R$ 1,2 bilhão e tem firmado parcerias com instituições internacionais, como o Banco dos Brics (NDB), o Banco Mundial e a Agência Francesa de Desenvolvimento, para potencializar a aplicação desses recursos.

Com a crescente importância das energias renováveis e o impacto positivo demonstrado pela pesquisa, a construção de parques eólicos no Nordeste se consolida como um fator essencial para o desenvolvimento econômico sustentável da região.