O comércio eletrônico segue em rápida expansão no Brasil, impulsionado pela praticidade e acessibilidade oferecidas pelas plataformas digitais. No entanto, juntamente com o crescimento das compras online, há um aumento alarmante nas tentativas de fraudes. De acordo com um estudo recente realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), em parceria com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Offerwise Pesquisas, três em cada dez consumidores (32%) foram vítimas ou passaram por tentativas de fraude durante compras virtuais.

Esses golpes variam desde a ‘clonagem’ de cartões até a não coleta de produtos adquiridos em sites falsos ou clonados. O impacto desse cenário é evidente: 35% dos consumidores afirmaram que deixaram de comprar pela internet nos últimos três meses devido ao recebimento de fraudes. Com um contingente estimado de 119,5 milhões de pessoas realizando compras online ao menos uma vez nos últimos 12 meses, o mercado digital brasileiro é expressivo, mas ainda vulnerável a armadilhas

Assis Cavalcante ressalta que as compras presenciais têm mais segurança

De acordo com o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza, Assis Cavalcante, fraude é inerente a todos os processos online, seja no Pix, no cartão de crédito ou marketplaces, enquanto a compra feita na loja física oferece mais segurança. “Por mais filtros que a gente implemente, sempre existe a possibilidade da fraude, do estelionato. Tenho um sentimento de que as vendas online não crescem numa velocidade muito maior, não apenas pelos golpes a que as pessoas estão expostas, tanto na compra em si quanto pela ‘clonagem’ de cartões“, afirma.

Ele ressalta que as transações realizadas pessoalmente, ‘olho o olho’, como dizem os mais antigos, têm muitas vantagens e, um das principais, é a maior segurança. “A venda nas lojas do varejo tradicional, são muito mais seguras, pois são presenciais, em que há um relacionamento entre duas pessoas. Muitas vezes o cliente fica amigo do vendedor ou do gerente da loja, o que acaba gerando uma confiança e a fidelização do consumidor. Afinal ali ele terá a oportunidade de ver, pegar e experimentar o produto. Além disso, muitas redes também oferecem o cashback para os clientes assíduos, que é outra vantagem”, explica Assis Cavalcante.

Novo panorama

As fraudes digitais têm evoluído constantemente suas táticas, explorando a confiança dos consumidores e a sofisticação das plataformas digitais. Um dos golpes mais recorrentes é o contato direto por aplicativos de mensagens, como o WhatsApp, onde o infrator convence a vítima a realizar pagamentos fora das plataformas seguras. A ‘clonagem’ de cartões de crédito e débito também figura entre os métodos mais utilizados, especialmente em sites de procedimento de compra de plataformas estrangeiras.

Estelionatários possuem variadas formas de aplicar golpes na Internet

Além disso, sites falsos que imitam lojas populares continuam a representar uma ameaça significativa, levando o consumidor a acreditar que está comprando de um fornecedor confiável, quando, na verdade, está sendo vítima de fraude. Conforme alerta o presidente da CNDL, José César da Costa, os golpes financeiros ganham a cada dia novas versões que ‘desativam’ a atenção do consumidor. “Por isso, é importante ficar atento antes de fazer qualquer pagamento ou transferência. Verifique os comentários e experiências de outros consumidores, além de garantir que o site é seguro, são medidas essenciais para reduzir a possibilidade de fraudes“, afverte.

Preferências

A pesquisa também revelou uma forte presença de plataformas internacionais no comércio eletrônico brasileiro. Sites como Shopee (64%), Mercado Livre (61%) e Amazon (42%) lideraram o ranking das plataformas mais utilizadas, seguidos por grandes varejistas nacionais como Americanas (35%) e Magalu (30%). A popularidade desses sites deve-se, em parte, à oferta variada e à competitividade dos preços, mas isso também atrai a atenção dos fraudadores, que aproveitam o grande volume de transações para tentar aplicar seus golpes.

Os produtos mais adquiridos pela internet incluem vestuário, calçados e acessórios (46%), alimentação via delivery (37%) e remédios (27%), evidenciando a diversidade das categorias de compras online. Ainda assim, algumas preferências – como compras de eletrodomésticos e eletrônicos -, mostram uma orientação dos consumidores para plataformas especializadas. Diante desse cenário, a conscientização e a educação do consumidor tornam-se ferramentas essenciais para evitar fraudes.

Embora a tecnologia ofereça recursos avançados de segurança, como autenticação em duas etapas e criptografia de dados, a atenção aos detalhes ainda é uma das formas mais eficiente de se evitar uma fraude. Verifique se o site possui certificados de segurança (como o “https” na barra de endereço); consulte avaliações de outros consumidores antes de realizar uma compra; utilize métodos de pagamento seguros, como cartões virtuais e sistemas de pagamento protegidos, e evite realizar transações financeiras fora das plataformas de venda oficial, especialmente quando o vendedor propõe alternativas via aplicativos de mensagens.