A Agropecuária cresceu 7,70% no ano passado, com bons resultados na pecuária e na agricultura

O Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará cresceu 0,96% em 2022, abaixo da média nacional para o período (2,9%) e inferior à expectativa de avanço da economia cearense no ano passado, que era de 2,10%. O resultado foi influenciado pela queda de 6,28% no setor da Indústria e pelo avanço moderado do setor de Serviços (1,92%), que representa mais de 70% da economia local. A Agropecuária, por sua vez, avançou 7,70%. As informações foram apresentadas nesta segunda-feira (20), pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), órgão vinculado à Secretaria do Planejamento e Gestão (Seplag).

Conforme o Ipece, o cenário macroeconômico do Brasil, com inflação e juros elevados, além do forte endividamento das famílias, contribuiu para frustrar as expectativas de crescimento do PIB cearense no ano passado. No caso da Indústria, a situação dos reservatórios nacionais e da produção de energia também influenciaram no resultado. Entre as atividades que compõem o setor, a maior queda ocorreu em “Eletricidade, gás e água” (-19,16%). “Em 2021, as térmicas foram muito acionadas devido à crise hídrica nacional, cenário que não se repetiu em 2022. Isso explica esse resultado negativo. A geração térmica em 2022 foi similar à geração da fonte solar”, explicou o analista de Políticas Públicas do Ipece, Witalo de Lima Paiva.

A “Indústria de transformação” recuou 6,35% no ano passado. Por outro lado, houve crescimento na “Construção civil” (5,11%) e na atividade “Extrativa mineral” (2,88%), avanços influenciados por fatores como o investimento público.

No caso do setor de Serviços, todas as atividades tiveram resultado positivo, com destaque para “Alojamento e alimentação”, que saltou 16,81%, reflexo da retomada do turismo após os anos mais rígidos da pandemia de covid-19. Outro destaque foi a atividade de “Transportes”, que cresceu 6,12%. “O que afeta outros setores reflete em Serviços. Percebemos que o Ceará retomou os empregos, mas a remuneração é menor do que antes da pandemia. Isso impacta no consumo do comércio, cujas vendas são negativas desde junho. É um efeito em cadeia”, diz Witalo Paiva, acrescentando que a queda nas vendas de itens como veículos, por exemplo, acaba rebatendo positivamente em “Outras atividades” (8,21%), onde estão incluídos os serviços de manutenção.

Já o crescimento de 7,70% da Agropecuária foi resultado do bom desempenho da agricultura e da pecuária. O Ipece destacou o avanço dos itens de lavoura temporária, como abacaxi (193%), mandioca (35,6%) e milho (30,7%). “Na cultura permanente, houve alta na produção de banana, castanha de caju e coco-da-baía. Do lado da pecuária, os destaques foram o crescimento no abate de aves, na produção de ovos e de leite e da recuperação da produção de ovinos”, destacou o analista de Políticas Públicas do Ipece,  Alexsandre Lira.

Otimismo para 2023

Para este ano, o Ipece projeta que o PIB do Ceará cresça 1,33%, percentual maior que a estimativa de crescimento para o Brasil, que é de 0,85%, segundo o Boletim Focus do Banco Central. Apesar do otimismo para 2023, a projeção de crescimento da economia cearense foi reduzida. Em dezembro, a expectativa é que o PIB do Estado avançasse 2,19% neste ano.