'porta de fábrica'
Preços ao Produtor têm queda recorde de 12,37% em 12 meses
Por Redação - Em 27/07/2023 às 2:37 PM
O Índice de Preços ao Produtor (IPP), que mede os preços na porta de fábrica (sem impostos e fretes) caiu 2,72% em junho, na comparação com maio, quinto resultado negativo consecutivo. No acumulado do ano, o IPP registrou retração de 6,46%, a maior para um mês de junho. Já em 12 meses, a queda foi de 12,37%, a maior desde o início da série histórica, em 2014. As informações foram divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (27).
Em junho, na comparação com maio, as quatro maiores variações no indicador foram: indústrias extrativas (-10,52%); refino de petróleo e biocombustíveis (-6,32%); outros produtos químicos (-5,01%); e papel e celulose (-4,40%). No acumulado do ano, as maiores quedas ocorreram em refino de petróleo e biocombustíveis (-23,30%), outros produtos químicos (-16,98%) e papel e celulose (-16,93%). Já no acumulado em 12 meses, os destaques foram em refino de petróleo e biocombustíveis (-35,21%), outros produtos químicos (-32,38%), indústrias extrativas (-31,95%) e metalurgia (-16,53%).
“A indústria brasileira convive com quase um ano de deflação na porta da fábrica. No acumulado em 12 meses, é a primeira vez que o indicador atinge dois dígitos de variação negativa. É importante ter em vista o efeito da queda continuada dos preços de commodities chave, que tem barateado os custos de produção ao longo das cadeias produtivas nacionais, tornado produtos importados básicos mais competitivos e reduzido a receita unitária de venda do exportador brasileiro. Todo esse efeito é maximizado pela apreciação cambial dos últimos meses”, comenta o analista do IPP, Felipe Câmara.
Alimentos
Em junho, os preços dos alimentos variaram -3,35%, segunda variação negativa consecutiva e quarta no ano, exercendo o maior impacto no IPP. A taxa negativa mais intensa da série foi a de agosto de 2022, -3,50%. No acumulado no ano, a variação é de -5,04%, um cenário distinto ao de um ano atrás, quando a variação alcançava 7,89%. Já no acumulado em 12 meses, a taxa observada de -7,56% é a segunda negativa mais intensa da série, estando muito próxima da de setembro de 2017, -7,57%.
“Na fabricação de alimentos, uma combinação de safras expressivas, maior volume de abate e melhora do escoamento têm se somado para contribuir para a deflação no setor. Produtos com grande peso, como os derivados da soja, carnes e aves e o açúcar VHP, apresentaram menores preços em função desses eventos”, analisa Felipe Câmara.