DESVALORIZAÇÃO

Queda nas ações da Bolsa de Valores leva empresas a reavaliar estratégias e fechar capital

Por Redação - Em 01/04/2025 às 10:01 AM

Em meio a esse cenário, algumas empresas já solicitaram o fechamento de capital. Entre elas, estão Carrefour, Wilson Sons, Santos Brasil e Eletromídia

A queda expressiva no valor das ações na Bolsa brasileira (B3) tem levado diversas empresas a adotar estratégias para lidar com as cotações baixas. Algumas buscam o apoio de bancos de investimento para esclarecer dúvidas sobre o fechamento de capital, enquanto outras implementam medidas de proteção. Entre essas medidas estão acordos com acionistas e ajustes em cláusulas que restringem o aumento da participação no capital, dificultando a ação de investidores oportunistas em caso de ofertas hostis de compra.

Em algumas empresas da Bolsa, as cotações estão desconectadas dos fundamentos econômicos dos negócios. Apesar de apresentarem um bom desempenho, suas ações continuam em queda. Na B3, não é difícil encontrar empresas com desvalorização superior a 90% nos últimos 12 meses. Exemplos incluem a Gafisa, com uma queda de 87%, a Braskem com 59%, a Vamos com 50%, e a Raízen, com 48%.

Diversos fatores explicam o desempenho negativo do mercado acionário. No cenário internacional, o aumento do risco geopolítico e as políticas adotadas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, têm deixado os investidores mais cautelosos. No âmbito doméstico, o crescimento da dívida pública eleva o risco fiscal, enquanto a pressão inflacionária exige uma política de juros mais rígida. Esses fatores, somados a questões setoriais específicas e ao endividamento das empresas, contribuem para a queda das ações.

Em meio a esse cenário, algumas empresas já solicitaram o fechamento de capital. Entre elas, estão Carrefour, Wilson Sons, Santos Brasil e Eletromídia, sendo que os três últimos casos estão relacionados a processos de recompra de ações. A Serena Energia também está discutindo a possibilidade de seguir o mesmo caminho.

Em entrevista ao Estadão/Broadcast, o presidente da B3, Gilson Finkelsztaino, afirmou que essa onda de empresas considerando a saída da Bolsa é temporária e reflete o fato de que “a Bolsa está barata”. “Deslistagem é uma função do preço, de que existe uma visão de que a empresa está muito barata e o mercado não está precificando corretamente o valor futuro dessa empresa”, explicou.

Para banqueiros ouvidos pelo Estadão/Broadcast, 2025 será um ano de “coisas invertidas” no mercado de renda variável — ou seja, o número de empresas fechando o capital pode superar o número de aberturas de capital, o que seria mais natural em um cenário de mercado otimista.

Para os empresários, o fechamento de capital oferece a vantagem de permitir maior flexibilidade para contrair dívidas sem o escrutínio do mercado. Contudo, a maioria dos fechamentos de capital tende a ocorrer no contexto da entrada de um novo sócio ou da venda de ativos.

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