ENCONTRO NA FIEC

Ricardo Alban fala sobre temas essenciais da indústria com Pompeu Vasconcelos

Por Marcelo - Em 27/08/2024 às 9:27 PM

Na Reunião de Diretoria da Confederação Nacional da Indústria (CNI), realizada na sede da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) nesta terça-feira (27), o presidente Ricardo Alban abordou questões cruciais para o setor produtivo, tanto no Ceará quanto em todo o Nordeste e Brasil. Em uma entrevista exclusiva ao CEO do Grupo IN de Comunicação, Pompeu Vasconcelos, Alban discutiu temas como Hidrogênio Verde, energia eólica offshore, reforma tributária e outros tópicos relevantes. Ele destacou que um dos seus principais desafios é promover uma visão tão positiva da indústria quanto a que se tem do agronegócio brasileiro, buscando unir esforços para resgatar figuras emblemáticas como Antônio Ermírio de Moraes.

O debate começou com a reforma tributária, considerando que a indústria responde por 34% da receita de tributos federais. Alban enfatizou a importância de um IVA (Imposto sobre Valor Agregado) mais baixo, reconhecendo a complexidade da carga tributária elevada do Brasil e a necessidade de aumentar a base de arrecadação através do crescimento econômico, sendo a indústria fundamental neste processo. Ele previu um PIB que, pela primeira vez em anos, será impulsionado pela indústria e pelo consumo, especialmente com a queda nos preços das commodities internacionais. Ele também viu a reforma tributária como uma solução para o acúmulo de créditos tributários.

Ricardo Alban ressalta a relevância da descarbonização da indústria nacional            Foto: Douglas Filho

O dirigente ressaltou que a reforma ainda passará por um longo processo legislativo e que a alta carga tributária sobre o consumo no Brasil contrasta com taxas mais baixas em outras partes do mundo, exigindo atenção a questões como o sistema de débito e crédito. Ele expressou preocupações sobre a coexistência de duas regras tributárias, o que pode gerar incertezas e aumentar os custos administrativos para as empresas.

Descarbonizar

Outro tema abordado foi a descarbonização da indústria. Alban defendeu que a percepção de que a indústria é altamente poluidora é equivocada, citando sua visita à siderúrgica da ArcelorMittal no Complexo do Pecém, que se destaca por ter um dos maiores níveis de descarbonização de todas as suas unidades mundo afora. “A indústria está comprometida com a sustentabilidade, não apenas por questões ambientais, mas também por competitividade, e a descarbonização é essencial para atender à demanda crescente por produtos sustentáveis”, afirma.

O presidente da CNI elogiou a atuação de Ricardo Cavalcante à frente da FIEC, nas discussões sobre Hidrogênio Verde, destacando a necessidade de uma postura proativa do setor industrial diante dos desafios econômicos. Alban enfatizou a importância de construir pontes entre os diferentes níveis de governo – federal, estaduais ou municipais, além de todos os poderes da República -, e buscar soluções colaborativas para os problemas do setor.

“É condição ‘sine qua non’, principalmente num momento em que a indústria está tentando recuperar o seu espaço econômico, de representatividade no setor produtivo, de reconhecimento pela sociedade da sua importância, que ela seja construtiva. E como fazer isso? Interagindo com os poderes públicos, quer sejam federal, estaduais ou municipais, do Executivo, Legislativo ou Judiciário, para que a gente possa constuir pontes. Não é apenas afinidade, construir pontes para que a gente seja resolutivo, termos soluções apresentadas e possamos caminhar e corrigir tantos hiatos. Temos hiatos no desenvolvimento econômico, no crescimento social, em alguns setores da indústria e só há uma forma de resolver isso, é conversando, se entendendo, buscando o que converge”, salienta.

Mais temas

Sobre energia eólica offshore, Alban mencionou que a Medida Provisória está em trâmite no Senado e que é essencial resolver questões relacionadas para evitar aumentos indevidos nas tarifas de energia elétrica. Ele defendeu um olhar atento para a diversificação das fontes de energia, incluindo gás e hidrelétricas, e reconheceu a necessidade de descarbonização dos processos produtivos, sempre em busca do aumento da competitividade.

Pompeu Vasconcelos e Ricardo Alban conversaram na sede da FIEC

O presidente da CNI também comentou com Pompeu Vasconcelos sobre as oportunidades de exportação de energia verde e a importância de descarbonizar a indústria nacional, ressaltando o potencial do Ceará para contribuir globalmente. Ele destacou a necessidade de uma infraestrutura competitiva no Nordeste para aproveitar a transição energética e a reindustrialização, afirmando que a indústria deve competir em um mercado globalizado.

Por fim, Ricardo Alban destacou a disparidade entre a produção de energia barata e os altos preços praticados, atribuindo isso a custos adicionais que geram o ‘Custo Brasil’. “Temos um custo financeiro nesse País, que não é de hoje, só falando de juros reais altíssimos, e no resto do mundo há juros negativos. Imagine todo esse custo numa cadeia produtiva longa como é a indústria. Sai do algodão, faz o seu desencouraçamento, o fio do algodão, o tecido, a confecção e o mercado. Cada cadeia que se passa, tem de ter capital de giro para matéria prima, produto intermediário, produto acabado e para financiar o cliente. Some uns cinco ou seis elos dessa cadeia e você vai avaliar, nos juros reais que o Brasil tem, como é que compete no produto final?”, questiona Ricardo Alban.

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