INVESTIMENTOS DE R$ 100 BI

Salmito Filho destaca que H²V será a oportunidade de expansão econômica para suprir principais demandas globais

Por Marcelo - Em 01/03/2023 às 8:21 PM

O titular da Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SDE), Salmito Filho, participou nesta quarta-feira (1º), do almoço do grupo Amigos em Ação, na sede da Alessandro Belchior Imóveis, que reuniu alguns expoentes do setor empresarial cearense. Ele apresentou alguns dos projetos prioritários do Governo do Ceará, especialmente o Hub de Hidrogênio Verde (H²V), na área do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, que deve receber investimentos privados superiores a R$ 100 bilhões nos próximos anos. Destacando, ainda, ter chegado a oportunidade que o Ceará, o Nordeste e o Brasil nunca tiveram, de surgirem como a solução para problemas globais.

Salmito Filho disse que o Ceará tem a oportunidade de ser solução global          Foto: Portal IN

O secretário foi recepcionado pelos empresários Germano, Alessandro e Delano Belchior, sendo que o primeiro destacou que o Ceará vive um momento muito bom, especialmente na questão das energias renováveis. Em seguida, concedeu a palavra ao palestrante. “O Brasil nunca teve a oportunidade de ser a grande solução para uma demanda econômica mundial. Tivemos vários ciclos, como da cana de açúcar, do outro do café. Hoje, há uma grande disputa geopolítica mundial, principalmente entre Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia, em relação à China, à Índia e à Rússia. Principalmente a China, que se continuar no ritmo que está, em sete anos será a primeira economia do mundo, com cerca de US$ 10 trilhões acima do segundo colocado, os Estados Unidos”, disse Salmito.

Destacou que a China não cumpre as resoluções da Organização Internacional do Trabalho, de Direitos Humanos, que este outro bloco cumpre. “Então, esse outro bloco encontrou um meio de tentar frear o crescimento da China e recompor a geopolítica mundial, passando a exigir a sustentabilidade ambiental, social e de governança (ESG). E o Brasil se apresenta como o local que pode ser a solução, tanto para um bloco, quanto para o outro, pois o Nordeste e em especial o Ceará, têm a vantagem competitiva natural de produzir energias renováveis e o Hidrogênio Verde, conforme estudos realizados por grandes grupos empresariais globais. Com a energia renovável se produz o H²V, transforma em amônia, coloca num navio e exporta. Em rápidas palavras, o Brasil poderá ser o Oriente Médio da matriz do Hidrogênio Verde e das energias renováveis. Principalmente o Nordeste, que se apresenta como solução para o Brasil e para o mundo”, salientou.

Germano, Salmito Filho, Alessandro e Delano Belchior, antes do início do evento

E dentro da Região Nordeste, os dois estados que oferecem as melhores condições de produção de energias renováveis e H²V são o Ceará e o Rio Grande do Norte. “Mas eu não me lembro de governantes de estados e países ricos virem ao Ceará pedir agenda com o governador. A governadora de um dos estados mais ricos da Alemanha – que é a locomotiva da União Europeia -, pediu agenda com o governador Elmano, veio aqui com sua comitiva, para dizer que quer ter uma relação com o Estado do Ceará a longo prazo. Isso não é por acaso, assim como os memorandos de entendimento (MoUs) que temos assinados. Temos os ventos com a melhor constância, qualidade e regularidade, mas também temos o sol em abundância, o que implica diretamente nos custos. Mas o Ceará tem outro diferencial, que é o Complexo do Pecém, a ZPE Ceará e uma parceria com o Porto de Roterdã. Então, temos aqui combustível verde para alimentar o parque industrial europeu, pois a Europa não tem energia suficiente por produção própria. Tanto que teve de reativar usinas nucleares para aquecer as casas no inverno, por conta da guerra entre a Rússia e a Ucrânia”, advertiu.

Além disso, lembrou que não existe produção industrial sem energia elétrica e a própria União Europeia, os Estados Unidos e o Reino Unido, estão colocando na pauta o tema das energias renováveis. “Num primeiro momento podemos produzir e vender o H²V, mas podemos também dizer para a Apple, Mercedes-Benz, BMW, Volvo, Scania, estão com dificuldades de fornecimento de energia, abram uma fábrica aqui no Ceará. Isso foi dito pelo vice-presidente Internacional do setor privado, do Banco de Desenvolvimento da América Latina, para o governador Elmano e na FIEC. Disse que o Ceará poderá ser, em alguns anos, a nova São Paulo da economia do planeta”, afirmou.

Ele confessou que achava que isto seria no futuro, mas para produzir H²V já existem metas para 2030. “O representante do Porto de Roterdã falou para o governador que a meta é produzir 4 milhões de toneladas de Hidrogênio Verde até 2030. E dessa, um milhão aqui no Pecém. Para produzir um milhão de toneladas de um parceiro, que é Roterdã, temos de ter aqui a fábrica e a instalação de energias renováveis para fazer o processo de eletrólise. Por isso, esse ano deve sair o licenciamento para o primeiro parque eólico offshore. Existem no Ibama 70 projetos aguardando licenciamento ambiental no Brasil, de parques eólicos offshore. Desses 70, 30% ou 21 projetos, são aqui no Ceará. E se todos eles forem licenciados o potencial de produção de energia é de 53 gigawatts, o que deve representar um investimento de, aproximadamente, R$ 530 bilhões no País”, completou Salmito Filho.

Crescimento

Antes da sua apresentação, ele fez um resumo do processo de desenvolvimento do Estado, Salmito lembrou que apesar de ter mais de 90% do seu território inserido no semiárido nordestino, o Ceará abriga a sede de um grupo empresarial que detém a maior fatia do setor de água mineral do Brasil (Edson Queiroz) e também do setor alimentício (M. Dias Branco), demonstrando toda a capacidade e resiliência dos cearenses. Destacou ser necessário incentivar as empresas, pois são elas que geram renda, empregos e receitas, tanto públicas quanto privadas. E lembrou, ainda, que é necessário unir esforços entre o Governo do Ceará, as universidades, o setor privado e a sociedade civil, em prol de promover o desenvolvimento econômico do Estado, em todos os setores produtivos.

Salmito destacou as potencialidades e diferenciais competitivos que o Ceará possui para produzir H²V e energias renováveis

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