HERANÇA BILIONÁRIA

“Tenho apenas 85 anos”: Carlos Slim fala do futuro do seu império de US$ 82 bilhões

Por E.V.B - Em 06/04/2025 às 8:39 AM

Mesmo aos 85 anos, o bilionário mexicano Carlos Slim ainda dita o ritmo dos seus negócios e impressiona pela clareza estratégica. Conhecido como “El Ingeniero”, Slim comanda um império de cerca de 300 empresas, que incluem a América Móvil, Claro Brasil, Grupo Carso, Inbursa, Minera Frisco e até uma participação significativa na Telekom Austria.

Sua trajetória remonta ao início do século 20, quando seu pai, Khalil Salim, chegou do Líbano aos 14 anos, mudou o nome para Julian e abriu uma loja em plena Revolução Mexicana. O espírito de investir na crise já estava no DNA da família: Julian seguia o conselho do Barão Rothschild — “compre quando houver sangue nas ruas”.

Slim recebeu sua primeira caderneta de poupança aos 12 anos. Aos 15, já comprava ações do Banco Nacional do México. Estudou engenharia na UNAM e, décadas depois, transformaria a Telmex e a Telcel na gigante América Móvil, expandindo para a Europa Central e controlando parte da telecomunicação latino-americana.

Andrés Manuel López Obrador E Carlos Slim

Andrés Manuel López Obrador E Carlos Slim

Durante a Crise da Tequila, nos anos 90, Slim enxergou oportunidade ao introduzir cartões pré-pagos para celulares e consolidar a Telcel. Hoje, ele e seus herdeiros respondem por 15% do valor da bolsa mexicana. Apesar do poder, nunca conseguiu uma licença de TV por assinatura — e por isso entrou com tudo no streaming.

Slim mantém rígida disciplina familiar: nenhum neto recebe dividendos e todos que trabalham para ele ganham o mesmo salário. Aos 18, cada neto recebe 3% de participação na holding. “Não há privilégios, exceto um presente especial ao se casar”, conta. Sua holding, a Control Empresarial de Capitales, foi criada três meses antes do próprio casamento.

Um dos investimentos mais lucrativos foi o empréstimo de US$ 250 milhões ao New York Times em 2011. Slim exerceu bônus de subscrição em 2015 e vendeu pouco depois — mas até hoje é alvo de teorias conspiratórias que apontam falsa influência sobre o jornal. Ele nega: “Nunca pedimos nada”.

A estrutura de sucessão já está montada: seu filho Carlos comanda o conselho da América Móvil; o genro Daniel Hajj é CEO. Outros filhos e netas lideram braços financeiros, culturais e sociais do conglomerado. Seis netos já trabalham no grupo, mas Slim afirma: “Só se quiserem”.

Com investimentos em petróleo no México e nos EUA, Slim aposta alto em energia. Controla 80% da Talos Mexico e avalia expandir sua atuação no megacampo de Zama. Também investe na PBF Energy, nos EUA, de olho no movimento “Drill, Baby, Drill” de Trump, apesar de criticar sua instabilidade: “Trump usa tarifas como tática, mas entende o mundo”, diz.

Ele também guarda críticas a Elon Musk, especialmente à forma como cortou equipes no Twitter/X: “Foi um trabalho ruim”.

Carlos Slim reúne seus filhos, netos e noras todas as quartas-feiras para o almoço de família. “Não é obrigatório, mas todos comparecem”, afirma. Entre heranças, sucessão e estratégia global, o maior bilionário do México segue jogando no tabuleiro do poder com precisão cirúrgica.

Mais notícias

Ver tudo de IN Business