O imbróglio financeiro que envolve o Grupo Americanas, depois do anúncio ao mercado de inconsistências contábeis superiores a R$ 43 bilhões, parece não ter fim e a cada dia que passa ganha novos capítulos, dignos de novela mexicana. Não bastasse o fato de dois de seus grandes bancos credores – Safra, com quem a Americanas tem uma dívida de pouco mais de R$ 2 bilhões, e Santander, cujo volume total de recursos não foi revelado -, terem pedido ao Tribunal de Justiça do Estado dos Rio de Janeiro que o processo de recuperação judicial (RJ) fosse anulado, mais um antigo parceiro comercial entre em litígio.

Vem Conveniência tem cerca de 1.300 lojas BR Mania e Local no Brasil            Foto: Divulgação

A Vibra Energia notificou a Americanas com um pedido de fim de sociedade que ambas mantinham na Vem Conveniência, operação que conta com aproximadamente 1.300 lojas de conveniência em todo o território nacional, com as bandeiras Local (Americanas) e BR Mania (Vibra). Em fato relevante publicado por esta última, as marcas devem retornar aos seus respectivos sócios.

A notificação pegou de surpresa os administradores das Americanas, que emitiram um fato relevante nesta terça-feira. “A administração da companhia está avaliando os termos da notificação junto a seus assessores legais para resguardar o interesse da Americanas”, destaca o documento.

E o processo de negociação de dívida da Americanas acabou sendo fortemente impactado pela decisão da Vibra Energia, uma vez que a participação de 50% da varejista no negócio de lojas de conveniência representava um ativo relevante para o mercado, com poder de levantar caixa em cerca de R$ 1 bilhão, o que aliviaria o pagamento dos R$ 43 bi que a Americanas tem em dívidas.

O comunicado da Vibra ainda destaca que o fim da joint venture “é o que melhor atende aos objetivos do negócio nesse momento, bem como buscará manter a reserva de todos os seus direitos e prerrogativas asseguradas em lei ou nos documentos da Parceria, que possam advir de atos praticados pelo sócio Americanas”.

Um detalhe nesse grande imbróglio que envolve a tradicional varejista brasileira chama a atenção dos especialistas do mercado. O ex-CEO que revelou as bilionárias inconsistências contábeis da Americanas, Sérgio Rial, preside atualmente o Conselho de Administração da Vibra. Que venham os próximos capítulos.