Edição 2023

CASACOR São Paulo: arte em todas as formas cria clima de galeria na mostra paulistana

Por Viviane Ferreira - Em 13/07/2023 às 2:33 PM

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A CASACOR São Paulo sempre foi um espaço para ver e conhecer arte e na edição 2023, quase todos os espaços trazem obras de qualidade e em diversos formatos reforçando o clima de galeria. São pinturas, esculturas, gravuras, fotografias, tapeçaria, móveis e objetos de design, que contam as histórias por trás da concepção de cada ambiente.

Um dos primeiros espaços da CASACOR São Paulo é o Alma Brasileira – Banco BRB, criado por Juliana Cascaes. Como o nome já diz, o ambiente traz uma representatividade forte da brasilidade, miscigenação e toda criatividade e potencialidade do povo brasileiro. Logo na entrada, o quadro de Abraham Palatnik instiga no observador o pensamento crítico através das linhas presentes em seu quadro.

Duas esculturas de Amílcar de Castro, intituladas Corte e Dobra, foram feitas com corte a laser. Sem menos destaque, o visitante encontra um mosaico de Athos Bulcão, uma referência à nossa Capital Federal ou ainda uma gravura dos Irmãos Campana, feita exclusivamente para a Louis Vuitton com uma homenagem ao estado de São Paulo

Na Casa Riachuelo Morada do Samba, de Marcelo Salum a ideia é valorizar as culturas africana e brasileira, tendo como ponto de partida o samba. A escolha das obras de arte tem grande importância no projeto. Para compor o ambiente, algumas máscaras – elemento bem representativo da cultura africana – foram fornecidas pelo acervo museológico da Pangea. Vale ressaltar ainda a obra de Emerson Rocha, inspirada em uma fotografia de Alberto Henschel tirada em 1839, na Bahia. O projeto traz também uma tela na entrada e duas esculturas de Daniel Jorge, a pintura de uma roda de samba, feita com exclusividade pelo artista Luiz Pasqualini, além de um oratório de São Jorge de Juliano Aguiar, fotografias de Juliana Hofmann, Bruno Jungmann, Mario Cravo Neto, Carlos Vergara e a pintura de Maurício Adinolfi.

Na Casa que Abraça de autoria da Migs Arquitetura, a base neutra de todo o ambiente é a ideal para os toques de cor, com tons mais marcantes. O ponto de partida foi a obra da artista plástica Mucky Skowronski, uma tela bordada com miçangas sobre desenhos à mão livre. Um trabalho gráfico e, ao mesmo tempo lúdico, que tem um “que” de Burle Max e remete ainda ao mar e floresta, cenários do dia a dia no Rio, cidade de origem das arquitetas responsáveis, além disso, fotos da série Amazônia, de Edu Simões; quadro de Hidelbrando de Castro, que compõe lindamente a área da lareira; e trio de quadros de Luciano Figueiredo e painel de Clarissa Schneider.

 

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Na Casa Essência Duratex de Paola Ribeiro, o destaque vai para a obra do artista Marcelo Catalano, que foi feita especialmente para o espaço, adequando-se às medidas exatas da boiserie central. O conjunto de 36 obras em caixas de acrílico de cores variadas recebeu o nome de Apollinaire, em referência ao crítico de arte e poeta francês que “assim como em um poema, partes de um conjunto feito de detalhes formam o todo, estabelecendo um diálogo entre geometria, que é o tema e pano de fundo e a cor, ali representada também pelas caixas de acrílico, que extrapolam seu papel para além da moldura”, descreve o artista.

Na Casa Kraftizen Cosentino, criada pela Suíte Arquitetos o foco está em artistas consagrados e jovens talentos, em obras que apoiam a narrativa do ambiente, baseada na intersecção entre a natureza e a tecnologia. Chama a atenção a obra do mexicano Héctor Zamora, que vive e trabalha no Brasil há quase uma década. Na série “3 -Potencialidades A” (2022), Zamora utiliza tijolos cerâmicos que desconstrói para compor combinações. Ao desviar e (re)contextualizar elementos que extrai do contexto arquitetônico ou social das cidades e países em que atua, ele expande os limites da esfera real, cria conexões inesperadas e nos convida a repensar nossa relação com a vida cotidiana como bem como ao nosso ambiente, trazendo um alfabeto de formas feitas a partir de uma única estrutura de partida.

Ainda no living, o armário da coleção Capacho, do Estúdio Campana, construído a partir da fibra natural de coco, aparece ao lado da peça Pertencimento, da artista plástica mineira Shirley Paes Leme. “Minha terra está em mim”, da série de frases fundidas em bronze. Completa o trio destacado, a obra do artista visual José Rufino – Fieri Additio – que faz um convite à criação. Escadas que não tocam o chão levam nosso olhar ao labirinto do volume central. Outra peça que chama atenção no espaço está localizada na parede ao fundo da estante que emoldura o quarto. Trata-se da obra GRÃO 120, do paulista Marcos Amato. Quando o espectador interage com a obra, tocando no pino de latão esculpido, que fica na lateral, uma luz interior se acende mostrando todo seu potencial.

Em sua Cozinha Funcional, o arquiteto Bruno Moraes busca evidenciar a brasilidade, como o Vaso Forma, assinado pela mineira Suka Braga e com as imagens da cultura ancestral indígena do fotógrafo Rogério Fernandes.

 

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A arquiteta, ativista e presidente do “Instituto Fazendinhando”, Ester Carro, estreia na CASACOR 2023 com um ambiente repleto de referências da sua história, indo no cerne de sua origem e trazendo as memórias de sua vida na comunidade do Jardim Colombo, que faz parte do Complexo de Paraisópolis, Zona Oeste de São Paulo. Nomeado Motirõ, é um espaço de voz a quem luta por vida, sensibilização para o morar periférico e potência de habilidades ancestrais.

Em tupi-guarani, o termo faz referência à “reunião de pessoas para colher ou construir algo juntos, uns ajudando os outros”. Waxamani Mehinako, artista indígena que valoriza e resgata os grafismos quase extintos, também marca presença com painéis exclusivos instalados em um mobiliário desenhado pensando nas casas de comunidades, realizado em parceria com o Estúdio Claudia Moreira Salles, Estúdio Buriti e Tintas Coral. Outros mobiliários foram desenhados pela própria arquiteta, alguns deles executados em parceria com a Oficina 64, sempre pensando nos desafios das casas de comunidades, com pouco espaço e distribuições difíceis.

Felipe Almeida criou um dos projetos mais completos da edição quando o assunto é arte que conta histórias de família. O ambiente contempla 88 obras de arte, das quais 87 são do acervo pessoal de Felipe. A galeria da contemplação conta com 40 quadros pintados pela mãe do designer, Idália Maria. São ilustrações inspiradas nas poesias escritas pela avó, Maria Angélica, entre as décadas de 60 e 80. Dona Maria Angélica é uma das maiores inspirações de Felipe.

Nicholas Malferrari, primo do designer, está presente com seis obras que retratam duas fases diferentes do artista. O ambiente conta com duas obras de Maninha (Angelina de Almeida), tia avó do designer e pintadas na época em que Maninha era amiga de Di Cavalcanti. Dentre as obras de arte do acervo, destacam-se duas de Zélio Alves Pinto. O projeto contempla também uma pintura de Habuba Farah Ricceti, além de obras dos artistas Fernando Coelho, Aldemir Martins, Fernando Odriozola, Renata Tassinari e Alex Fleming.

 

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Barbara Dundes traz para seu espaço a escultura de parede de Marcos Amato, na qual a ideia do artista é a de criar uma superfície que nos aproxima de outra galáxia, de um solo lunar que poderá se tornar em floresta, logo adiante. O ambiente traz ainda a gravura em metal e aquarela manual de Nazareno: Aqui, se você quiser começa uma nova história. O artista aborda em suas obras aspectos relativos à memória, infância, contos de fadas e narrativas.

A escultura de Estela Sokol, Para Ofélia, vai além da experimentação da cor, a partir de sobreposições de materiais com cores distintas, há uma instigante relação entre materialidades que não são habituais, no campo da escultura. Também presente no espaço, o visitante encontra a Monotipia sobre tela de Eduardo Garcia, técnica em que a expressividade depende sobretudo daquilo que escapa à intencionalidade do artista. O espaço traz mais três Instalações de bronze suspensa por fios de aço da Série Empty Voices, de Otavio Schipper e Aquarela preta sobre papel puro algodão de Ricardo Van Steen.

A Praça do Polinizador de Luciano Zanardo exibe a escultura Insetos, do artista mineiro Leopoldo Martins, que representa o Invertebrado e faz alusão à mensagem sobre a polinização como o centro de seu espaço. O tríptico Asas, disposto em uma das paredes faz referência às asas dos insetos polinizadores, tudo em sintonia com a proposta da praça.

Quintino Facci, em Morada da Alma, que busca traduzir essa relação entre o corpo humano e a arquitetura, através de um ambiente que promova o equilíbrio entre o físico e o emocional. Idealizada pelo arquiteto e desenvolvida pelo Arte Atêlie para a mostra, a instalação de arte retrata a figura feminina como protagonista e remete à ideia de que o corpo é nossa primeira morada, onde recebemos cuidado, proteção e nutrição. Com aplicação em photoshop da sombra de uma foto original de perfil de uma silhueta feminina, cada um dos 90 quadradinhos de 10X10 cm, foram impressos em papel vegetal, criando a textura e sensação de uma obra de arte. Após contato com a luz, as imagens de pedras, transformam-se na sombra do perfil da foto da futura noiva do arquiteto.

No ambiente da arquiteta Érica Salguero, um dos grandes destaques está na tapeçaria plana exposta, do artista Norberto Nicola (São Paulo, Brasil 1930-2007), em lã, feita em tear manual, intitulada “Floral”, executada pelo “Atelier Douchez-Nicola” (1959-1980) de tapeçarias, que fundou em 1959, com Jacques Douchez (Mâcon, França 1921 – São Paulo, Brasil 2012).

 

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A Casa Líder, de autoria do escritório Figueiredo Fischer Arquitetos, remete à sensação de acolhimento e conforto natural, resultado do uso de materiais que se harmonizam entre si. Entre as obras de arte presentes, a escultura Heras, da artista Inês Schertel, feita em lã de ovelha, em um processo 100% manual, chama a atenção do olhar.

Na Galeria Origami CASACOR espaço projetado pela GDL Arquitetura, o visitante encontra exposição e comercialização de aproximadamente 35 gravuras de nomes renomados como: Iberê Camargo, Amílcar de Castro, Tomie Ohtake, Rubem Valentim e Glauco Rodrigues.

As peças estão expostas de forma rotativa com mudanças em duas fases, que acontecem nos meses de junho e julho, respectivamente. A curadoria será de Cézar Prestes e todas as obras dos artistas da Galeria Origami estão à venda durante todo o período da mostra, com parte das vendasrevertida para o Instituto Tomie Ohtake e o Instituto Rubem Valentim. Os interessados podem realizar a compra e buscar por mais informações no próprio espaço. Os valores são a partir de R$ 6 mil, podendo chegar até R$100 mil.

Visitação e compra de ingressos

Para ver de perto todas as obras, basta adquirir ingressos para as semanas finais do evento, que está em cartaz no Conjunto Nacional (Avenida Paulista 2073) até 06 de agosto. No dia 31 de julho, uma segunda-feira, a mostra terá data extra para atender o público.

Assim como nos anteriores, a CASACOR São Paulo manterá sua agenda de visitação programada, onde o visitante deve escolher o dia e a hora em que deseja visitar a mostra e, no ato da compra, atentar a esse detalhe, pois haverá tolerância máxima de 15 minutos para entrada no evento. A venda de ingressos acontece por meio do aplicativo CASACOR, no site oficial da mostra ou na bilheteria do evento, mediante disponibilidade.

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