O retorno triunfante de uma obra-prima perdida: ‘Ecce Homo’ de Caravaggio

O Museu do Prado de Madri, na Espanha, abre suas portas na terça-feira (28) para revelar ao mundo a tão esperada exposição do ‘Ecce Homo’, obra-prima do mestre italiano Caravaggio (1571-1610). Após uma saga de três anos desde sua descoberta em um leilão, onde estava atribuída erroneamente a um artista sem relevância, esta icônica peça renascentista retorna à luz, agora reconhecida e celebrada.

Em abril de 2021, uma pequena foto em um catálogo de leilão despertou a atenção dos especialistas do Museu do Prado, desencadeando uma jornada de autenticação e restauração. O quadro, que retrata Jesus Cristo diante de Pôncio Pilatos e um soldado, havia sido presenteado ao rei da Espanha, Felipe 4ª, em 1664, mas desde então estava perdido para o mundo da arte.

Antes de ser leiloada, a obra foi declarada “inexportável” pelo governo espanhol, iniciando assim um meticuloso processo de estudo e conservação. Adquirida posteriormente por um residente britânico em Madri, seu valor de mercado ficou muito abaixo do estimado para uma peça de Caravaggio, atingindo apenas 36 milhões (R$ 200 milhões). No entanto, especialistas indicam que seu verdadeiro valor poderia chegar a 150 milhões (R$ 840 milhões).

A apresentação da obra, na segunda-feira (27), foi um evento marcante para o mundo da arte, reunindo jornalistas e especialistas para testemunhar a ressurreição deste fragmento de beleza. “Estamos olhando para um momento extraordinário, uma redescoberta da genialidade de Caravaggio”, compartilha a professora de arte italiana Cristina Terzaghi.

Segundo David García Cueto, chefe do departamento de pintura italiana do Prado, a autenticação dessa obra é um marco há 45 anos no campo acadêmico, representando uma unanimidade entre os críticos quanto à sua atribuição a Caravaggio. Pintada durante os anos mais tumultuados da vida do artista, entre 1606 e 1609, ‘Ecce Homo’ retrata um momento transcendental da história cristã, imortalizado pela maestria de Caravaggio.

A exposição não só oferece uma oportunidade única de apreciar uma das obras mais importantes do Renascimento italiano, mas também lança luz sobre os anos turbulentos e a genialidade incontestável de Caravaggio, um dos mestres indiscutíveis da história da arte.