Interview
Em entrevista para a Revista InSider, Ivana Bezerra fala sobre o atual momento da hotelaria cearense
Por Gabriela - Em 23/07/2021 às 4:15 PM
Na nova edição da Revista InSider, publicada nesta sexta-feira (23) no Portal IN, a diretora geral do Hotel Sonata de Iracema, presidente da Visite Ceará/Fortaleza Convention & Visitors Bureau e diretora da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) Ceará, Ivana Berra, fala sobre as dificuldades enfrentadas ao longo da pandemia, o atual momento da hotelaria cearense e destacou as perspectivas para os próximos meses.
Confira:
O turismo é um dos segmentos mais afetados por conta da pandemia. O que destacar sobre isso?
O turismo foi afetado imediatamente, desde o início da pandemia. Nós não tivemos, digamos assim, no caso da hotelaria, uma proibição de funcionar. Nunca houve essa proibição por parte de nenhum decreto, mas os hóspedes, simplesmente, sumiram. Então, de março a agosto de 2020 os hotéis ficaram fechados e, logicamente, com isso, o turismo parou. Tivemos perdas absurdas no período. Para se ter ideia, essas perdas chegaram a quase 100%. Só não podemos dizer que a perda foi total pelo fato de alguns hotéis, bem poucos, terem se mantido abertos. Posso afirmar que não apenas o setor turístico foi afetado, mas, também, os diversos outros segmentos ligados a ele de alguma forma.
O turismo de eventos e o turismo de lazer mexem fortemente com a economia brasileira. Como estão, atualmente, esses nichos específicos no Ceará?
De acordo com alguns especialistas, o turismo de eventos chega a impactar até mais de cem setores diferentes. E, aos poucos, graças a Deus, ele tem voltado, principalmente nas lindas praias do Ceará. Desde o ano passado, temos observado um crescimento muito grande na taxa de ocupação dos hotéis localizados no litoral cearense. Na capital, nos meses de janeiro, fevereiro, março e abril deste ano os números não foram muito bons. Em maio, porém, já começamos a observar um crescimento em torno de 35% de ocupação. Em junho, a taxa foi de 38% e, para julho, a previsão é de 50% na taxa de ocupação. Esperamos que esses números cresçam cada dia mais, principalmente com a intensificação da campanha de vacinação. Temos previstos já três grandes congressos, bem como algumas feiras. E, até o final do ano, com certeza, teremos muitos outros. Além do turismo de lazer, melhora, também, o turismo corporativo.
Para os brasileiros, o turismo doméstico continua sendo a aposta possível no momento. Como enxerga esse cenário e de que forma o Brasil pode tirar proveito dessa situação?
No momento, o turismo doméstico é uma das nossas grandes apostas. Muito em função da falta dos voos internacionais e das demais limitações de voos. Ultimamente existe a dificuldade de os estrangeiros chegarem aqui. Por isso, nosso desafio é fortalecer cada vez mais, principalmente, o turismo regional. Nós observamos, também, que há um crescimento muito grande do próprio cearense, dos moradores dos estados vizinhos e, ainda, de pessoas que optam por voos com menos tempo de duração. Acredito que, por conta da pandemia, as pessoas ainda estão com medo de muito tempo em avião. Por essas razões, hoje, todos os nossos esforços são, realmente, para o turismo brasileiro, principalmente o cearense.
A seu ver, a pandemia mudou o perfil do turista? De que maneira?
A pandemia trouxe, na verdade, um aumento maior do turismo de família. A gente observa muito as pessoas viajando com a família: pai, mãe e filhos ou, pelo menos, o casal. O perfil mudou sim, já que agora é possível observar os mais diferentes tipos de turistas. Vemos pessoas de classe mais alta, de classe mais baixa. O objetivo é viajar, sair de casa, conhecer outros lugares. Depois de tanto tempo sem poder fazer nada disso, é o que todos mais desejam.
De que forma a hotelaria cearense tem se adaptado às novas exigências geradas pela pandemia?
Desde o ano passado, a hotelaria cearense já vinha se preparando para receber da melhor forma possível. Devemos pensar que a segurança não deve ser só do hóspede, mas, também, do colaborador. Por isso, todos os cuidados e todos os protocolos estão sendo respeitados por completo. Inclusive, a Secretaria da Saúde do Estado nos exige o Selo de Lazer Seguro. É importante dizer que todos os hotéis associados a ABIH possuem esse Selo. Uma das provas desse intenso cuidado foi a testagem que realizamos no ano passado com todos os profissionais da hotelaria associada a ABIH. O índice de positividade foi muito baixo, ou seja, nosso trabalho está sendo feito realmente com muita responsabilidade.
Além da aceleração no ritmo da vacinação, quais outros fatores, a seu ver, são essenciais para que o turismo e a hotelaria no Ceará possam voltar a ter esse “respiro de alívio”?
A volta do turismo está dependendo diretamente da vacinação. Isso não temos a menor dúvida. Apesar de que as pessoas estão querendo viajar de qualquer jeito. Podemos observar que a cada liberação por parte do Governo do Estado, com novos protocolos e decretos, vemos o crescimento da taxa de ocupação na hotelaria. Mas, a meu ver, o elemento primordial para a retomada do segmento é, de fato, a vacina. Quando todos estiverem vacinados, o contexto muda completamente e, com isso, o cenário turístico poderá voltar a respirar aliviado.
Como avalia as ações adotadas pelo Governo do Estado do Ceará no intuito de fortalecer o turismo e evitar desgastes econômicos ainda maiores?
Desde o início da pandemia, o Governo do Estado do Ceará vem fazendo, na medida do possível, tudo o que pode pelo segmento. O principal, para nós, é a promoção do nosso Estado, algo que, por conta da pandemia, não pode ser feito no momento. Mas temos total certeza de que tão logo todos os cearenses estejam vacinados, o Governo voltará a nos ajudar nesse sentido. Então, agora é aguardar. Creio que, a partir do mês de outubro, tudo vai acontecer de uma forma bem mais rápida e bem diferente.