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Exposição “Metamorphosis”, de José Rufino, propõe reflexão sobre memória e transformação

Por Marlyana Lima - Em 20/03/2025 às 6:00 AM

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Exposição Metamorphosis de José Rufino, com curadoria de Tereza de Arruda, ficará em cartaz na Galeria Leonardo Leal

A Galeria Leonardo Leal recebe, a partir do dia 22 de março, a exposição “Metamorphosis”, do artista José Rufino, com curadoria da historiadora de arte Tereza de Arruda. A mostra apresenta um conjunto expressivo de obras que abrange duas décadas de produção artística, trazendo à tona a relação entre memória, transfiguração e ressignificação de objetos e materiais históricos.

Na avaliação da curadora Tereza de Arruda, a obra de José Rufino se caracteriza por um intenso diálogo entre passado e presente, explorando a materialidade de móveis antigos, documentos, fragmentos naturais e objetos burocráticos. Esses elementos, carregados de histórias e narrativas, são transformados em arte, desafiando a noção de linearidade histórica e propondo novas leituras sobre identidade, poder e esquecimento.

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Em Metamorphosis, a obra de José Rufino se afirma como um campo de tensão entre memória e esquecimento

“Os trabalhos apresentados em ‘Metamorphosis’ são atravessados ​​pelo gesto de ressignificação. Rufino reafirma sua prática como um processo destruído e psicanalítico, onde cada recolhido se transmuta em um artefato que mistura história e subjetividade” , destaca a curadora.

Entre as obras inéditas da exposição, “Refugium” (2025) é um objeto escultórico que se apropria e transforma camas antigas, conectadas por cortes e ajustes, criando uma estrutura única que evoca um palimpsesto de memória. A obra simboliza a fluidez das experiências humanas ao longo do tempo, remetendo aos processos de vida, morte e ressignificação .

Já em “Externus” (2025), o artista utiliza uma base de banqueta antiga para sustentar um vaso perfurado , do qual emergem raízes estilizadas em madeira. A obra sugere uma interação entre o natural e o manual , explorando a tensão entre transformação e permanência.

Técnicas e experimentação artística

A exposição também apresenta trabalhos que se destacam pelo uso inovador da técnica de Rorschach  tradicionalmente associada à psicanálise. Em “Klecsografia” (2025), Rufino utiliza esse método para criar imagens simétricas que evocam figuras humanas dissolvidas no tempo, numa reflexão sobre memória, subjetividade e traumas históricos.

Tereza de Arruda observa que desde o final da década de 1980, o artista vem incorporando essa técnica em sua produção, utilizando-a não apenas como recurso estético, mas como um dispositivo de permanência histórico . Suas manchas simétricas sugerem rastros do passado, mudando ausências em presenças visíveis.

Outra série de destaque é “Incisus Marmori” (2006), composta por 15 desenhos gravados sobre páginas de um antigo livro de oficina mecânica. A escolha do suporte carrega um simbolismo particular, pois Rufino frequentemente trabalha com documentos burocráticos e impressos oficiais, ressignificando essas superfícies relacionadas com história e memória.

Território de ressignificação

Ao trazer para o campo da arte materiais que carregam uma carga histórica e simbólica, José Rufino cria um território de tensão entre memória e esquecimento, forma e mutação, ausência e presença. Em sua prática, o arquivo se funde à matéria, e a arte se torna um espaço de revisitação crítica do passado.

O título da exposição, “Metamorphosis” , remete diretamente à obra de Franz Kafka, onde a transformação de Gregor Samsa revela a angústia da transição entre o humano e o não-humano. Da mesma forma, Rufino propõe que os vestígios do passado, marcados pela brutalidade e pela perda, podem ser ressignificados em novas formas de resistência e resistência.

A mostra convida o público a refletir sobre o impacto do tempo, das cicatrizes históricas e do papel da arte na residência da memória coletiva

Serviço – Exposição “Metamorphosis”
Abertura: 22 de março, das 10h às 14h
Local: Galeria Leonardo Leal (R. Visconde de Mauá, 1515 – Aldeota)
Curadoria: Tereza de Arruda

A entrada é gratuita, e a exposição segue aberta ao público nas semanas seguintes.

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