PATRIMÔNIO BRASILEIRO
Nova obra inédita de Tarsila do Amaral é autenticada e revela legado da artista
Por Eduardo Buchholz - Em 20/08/2024 às 9:44 AM
A OMA Galeria e a Tarsila S.A. anunciaram a descoberta e autenticação de uma nova obra inédita de Tarsila do Amaral, intitulada “Paisagem 1925”. A pintura, datada de 1925, pertence à fase Pau-Brasil da artista, período marcado por uma forte influência cubista e uma celebração das paisagens e estereótipos tipicamente brasileiros. Após suspeitas iniciais de falsificação, o processo de certificação foi conduzido pelo perito Douglas Quintale, único autorizado pela Tarsila S.A. para tal função, e confirmou a autenticidade da obra.
“Paisagem 1925” faz parte de um acervo restrito da produção de Tarsila do Amaral, uma das figuras centrais do modernismo brasileiro. Com menos de 200 pinturas catalogadas, a validação de uma nova obra é um marco para a preservação e valorização do legado artístico da pintora.
Thomaz Pacheco, fundador da OMA Galeria, destaca a importância da descoberta. “Tarsila é uma artista que produziu muito pouco em vida; existem menos de 200 pinturas catalogadas. É uma produção muito escassa. Desta forma, poder revelar uma obra inédita significa aumentar o alcance de todo o trabalho da artista. É um patrimônio nacional que agora será descoberto pelo mundo todo”.
O processo de certificação enfrentou desafios complexos, principalmente devido à ausência da obra no catálogo raisonné de Tarsila, o que inicialmente levantou dúvidas sobre sua autenticidade. “Agora, temos as ferramentas da ciência, a expertise de peritos técnicos do nível de Douglas Quintale e a integridade de um Comitê de Certificação. Estes três elementos combinados conseguem viabilizar um resultado inquestionável, em curto espaço de tempo e evita a interferência de terceiros”, pontuou Paola Montenegro, gestora da Tarsila S.A.
O proprietário da obra, Moisés Mikhael Abou Jnaid, compartilhou a história familiar da tela, que foi um presente de casamento dado por seu pai à sua mãe em 1960, no Brasil. A obra permaneceu no Líbano por décadas, sobrevivendo a conflitos e bombardeios, até ser repatriada ao Brasil em 2023 devido à escalada de tensões na região. Para Moisés, a confirmação da autenticidade de “Paisagem 1925” não só reforça o valor histórico e emocional da pintura, mas também simboliza a repatriação de um importante patrimônio brasileiro.
Com a autenticação da nova obra, o legado de Tarsila do Amaral se expande, reafirmando sua posição como uma das maiores artistas do Brasil e da América Latina.