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André Esteves defende juros mais baixos e aponta desafios econômicos no Brasil
Por Redação - Em 14/04/2025 às 12:01 AM

Apesar das críticas, Esteves não demonstrou pessimismo em relação ao futuro do Brasil
Em uma crítica à atual política econômica do país, o renomado banqueiro André Esteves, sócio controlador do BTG Pactual, afirmou que os altos juros não são vantajosos nem para os bancos, contrariando uma ideia comum. Durante sua participação no painel da Brazil Conference, evento promovido anualmente por alunos da Universidade de Harvard e do MIT, Esteves expressou sua insatisfação com a atual taxa de juros no Brasil.
“É muito juro. Existe uma falsa impressão de que os bancos ganham com juro alto, mas não,” declarou, deixando claro que os juros elevados geram mais prejuízos do que benefícios para o sistema financeiro.
O banqueiro também destacou os efeitos negativos dessa política, como o aumento da inadimplência e a retração da atividade econômica. “Aumenta a inadimplência, não temos novos IPOs, cai a atividade econômica, há retração de investimentos. Não é bom. Para nós, é um falso dilema. Preferia ter juros menores,” completou, enfatizando que um ambiente de juros mais baixos seria mais saudável para o mercado.
Para combater esse cenário, Esteves acredita que é necessário um ajuste nas contas públicas, algo que poderia ajudar a reduzir a taxa de juros. “Hoje, a gente tem uma política que está não está muito bem coordenada entre fiscal e monetário. O monetário está muito apertado e o fiscal, muito frouxo,” apontou, sugerindo que um controle fiscal mais rigoroso seria o caminho para a queda dos juros. “Está na hora de fazer um fiscal mais apertado para o juro cair,” afirmou.
Apesar das críticas, Esteves não demonstrou pessimismo em relação ao futuro do Brasil. “Não sou pessimista. Acho que está fácil consertar o Brasil. Não precisa dar nenhum salto mortal, um carpado invertido,” disse, destacando que as soluções para o país estão ao alcance.
Em sua visão, o bom senso será essencial para a recuperação econômica. “Estou achando que está fácil (consertar a economia). Precisa seguir o bom senso e a gente vai daqui para melhor,” completou.
O sócio do BTG ainda fez uma avaliação positiva das últimas reformas estruturais implementadas no Brasil. “Somos o país que fez mais reformas estruturais no mundo, tanto no macro como no micro,” disse, referindo-se às reformas trabalhista, previdenciária e tributária, apesar de reconhecer que a reforma tributária ainda não atingiu o ideal. “Ela (a tributária) está longe do ideal, mas fomos para frente,” completou.
Na área microeconômica, Esteves destacou o novo marco do saneamento como uma das maiores conquistas. “A gente fala muito de política social, mas não existe nenhuma política social tão profunda como o saneamento,” ressaltou, mencionando também as melhorias no setor elétrico, as privatizações e as mudanças no BNDES.
De acordo com o banqueiro, os resultados positivos são evidentes, com o crescimento do Brasil surpreendendo novamente no último ano. “Não é à toa que o crescimento no Brasil no ano passado foi o quarto ano seguido com surpresa para cima. A sucessão de medidas certas faz você andar para frente. Por isso, acho que estão fácil,” disse, destacando o impacto das reformas na economia.
Por fim, Esteves fez um apelo aos jovens alunos de Harvard, sugerindo que retornem ao Brasil e contribuam com o crescimento do país. “Nada de ficar trabalhando aqui nos Estados Unidos,” concluiu, afirmando que “os próximos 30 anos serão menos hostis que os últimos 30” no país.
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